Os comerciantes do bairro Guarituba, em Piraquara, cansaram dos assaltos e resolveram tomar uma medida nada comercial. Colocaram grades, na frente dos mercadinhos, que estão sempre cadeadas e são abertas somente com a chegada dos clientes. Os fornecedores não entram no Guarituba para evitar os assaltos. Entregam a mercadoria em local e data combinada com os comerciantes, em bairros vizinhos.

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A Mercearia Meira é um exemplo de venda entre grades. O comerciante José Meira fica na frente do mercadinho, esperando os clientes, mas quando passa alguém "mal-encarado", rapidamente entra na casa. "Se chegam armado, não adianta o cadeado. Sou obrigado a abrir", diz o comerciante. Essa é a medida preventiva de quem cansou de ser assaltado. Foram mais de dez, somente neste ano.

No último assalto, há um mês, Meira e a mulher foram jogados no chão por assaltantes. "São moleques, mas armados. Se não tenho a grade, sofro assalto todos os dias", conta. "Guarituba é um dos bairros mais violentos de todo o estado", constata o prefeito Gabriel Samaha. Ele reclama da falta de uma presença maior do estado nas cidades da região metropolitana, em todos os setores, mas principalmente para a segurança. "Aqui se concentra 1/3 da população do estado", diz.

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A situação do Guarituba é a mais grave, porém parecida com muitos bairros da periferia, onde a presença da polícia é pouca e a violência é considerada um dos principais problemas para a população.

A polícia militar não divulga o número do efetivo nas cidades da região metropolitana. A explicação dada pela coordenação de estatística da PM é que essa informação é sigilosa para evitar que os marginais tomem conhecimento desse número e escolham os locais para suas ações. "A Polícia Militar distribui os policiais pelos municípios de acordo com a necessidade e também coloca o efetivo de apoio em operações especiais", diz o coordenador da estatística, Major Dabul.

Em Colombo, o bairro de Alto Maracanã é considerado um dos mais violentos. Lá, os policiais que convivem diariamente com a situação, fazem o diagnóstico. "A violência é maior nessas cidade pobres, com jovens sem perspectiva de vida. Aumentar o policiamento não resolve. Tem que construir mais creches, escolas, dar opção para esses jovens", diz Valdir Bicudo, superintendente da delegacia do Alto Maracanã e que já trabalhou também em Fazenda Rio Grande e Piraquara.

O perfil dos presos é muito parecido: jovens, com famílias desestruturadas, presos por tráfico de drogas, assalto à mão armada ou seqüestro relâmpago. O que muda em cada cidade é o tipo de crime mais freqüente. Em Piraquara, o tráfico de drogas é mais forte. Em Colombo estão os assaltantes que agem em Curitiba.

Em Fazenda Rio Grande, os assaltos são um problema maior do que os homicídios. A cidade chegou a ficar quatro meses sem registro de assassinatos, entre setembro e início de dezembro, quando três mortes acabaram com o sossego. "Não tem explicação para esta pausa", diz o delegado da cidade, Antônio Rocha Paes Filho.

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