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Um campo de concentração. Assim os membros de entidades de defesa dos direitos humanos definiram a unidade da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), em Bauru, no interior, após visita . Eles afirmam ter confirmado as denúncias de mães e ex-funcionários ao Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) que resultaram no afastamento do diretor da unidade, Antonio Alfredo Costela Parras.

O grupo, formado por representantes da OAB, do Condepe e dos conselhos tutelares, ouviu todos os adolescentes da unidade e fará um relatório, que inclui fotos de marcas de espancamento no corpo dos internos. O documento será encaminhado à Febem, ao Ministério Público Estadual (MPE) e ao procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho. Eles pedem a designação de um promotor especialmente para esse caso, além da demissão por justa causa de cinco funcionários apontados como torturadores e processo criminal contra eles.

- Em dez anos na Comissão de Direitos Humanos da OAB nunca presenciei um quadro tão grave de tanta arbitrariedade, tanta humilhação, tanta impunidade", disse o presidente do conselho, Lúcio França.

Os relatos impressionaram membros da comissão. O psiquiatra Paulo César Sampaio, do Condepe e do Movimento Nacional de Direitos Humanos, descreveu as cenas de maus-tratos.

- Eles (funcionários) pegam os meninos e mandam rolar para um lado e para outro, imitar cães. Batem na cara e por qualquer coisa aplicam sanção disciplinar. Infelizmente, está um caos - disse.

As condições de convívio também foram abordadas. Banheiros estão alagados por falta de limpeza. Além disso, internos teriam apenas dez minutos para fazer as refeições e lavar os pratos.

Segundo Sampaio, os jovens estão amedrontados, mas aceitaram fazer as denúncias após o afastamento do ex-diretor. O psiquiatra, que classificou o quadro como "animalização dos internos", disse que os relatos dos jovens apontam cenas de humilhação extrema, como ser cuspido no rosto e só poder ir ao banheiro conforme a vontade do funcionário.

A assessoria de imprensa da Febem disse que já afastou o diretor para dar transparência ao processo investigatório.

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