Um cochilo do governo permitiu a aprovação, na Comissão de Infraestrutura do Senado (CI), do requerimento chamando para depor o ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Rubens Rodrigues Vieira. Rubens e seu irmão, Paulo Rodrigues Vieira, ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), estão presos, acusados de comandar o esquema de venda de pareceres técnicos de órgãos federais investigado pela Operação Porto Seguro da Polícia Federal.
O líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), apresentou seu requerimento no início da sessão, antes da chegada do líder do PT, senador Walter Pinheiro (BA), um dos governistas encarregado de impedir que a oposição convide para depor os envolvidos no escândalo. Estavam presentes apenas o senador tucano e Wilder Morais (DEM-GO). Dias também aprovou o convite para que o presidente da Anac, Marcelo Guaranys, compareça à comissão para falar dos procedimentos adotados no órgão contra a quadrilha da venda de pareceres. O comparecimento de Guranys também tinha sido aprovado, na terça-feira, na Comissão de Meio Ambiente e Fiscalização e Controle (CMA).
Presente à CI, Pinheiro mobilizou seus aliados e rejeitaram o convite dirigido ao presidente da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Tiago Pereira Lima, e seus principais assessores. O líder petista prevê que Rubens Vieira não atenderá ao convite da comissão. "A Anac não tem nenhum problema em tirar o cara da cadeia para que ele venha depor. Ele não vem", ironizou.
Pinheiro reiterou a posição do governo de autorizar o depoimento no Congresso apenas dos dirigentes de órgãos atingidos pelo escândalo e não os servidores envolvidos. "Os ministros e dirigentes podem falar das providências que adotaram contra o esquema", justificou. Para Alvaro Dias, a estratégia do governo é outra, a de impedir que os servidores denunciados ajudem aprofundar a investigação. "Transparência é essencial quando temos o julgamento do mensalão", comparou.
O líder tucano protocolou e vai tentar aprovar na CI, na semana que vem, um convite para que a ex-chefe de gabinete da presidência da República em São Paulo Rosemary Nóvoa de Noronha compareça para depor. Ele considera Rose, como é chamada, "a principal estrela do escândalo, pela sua capacidade de influir nas contratações do governo e pela intimidade que mantém com os detentores do Poder".
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