Sem camisa e as mãos amarradas para o alto. Em uma das celas do Doi-Codi, na rua Tutóia, no bairro Paraíso, em São Paulo, o preso Marcos Arruda era submetido a choques elétricos em maio de 1970. Daquela noite, não sai de sua cabeça o refrão da música "Jesus Cristo", de Roberto Carlos que ouvia durante a tortura. "A música alta foi colocada para que os vizinhos do Doi não ouvissem os gritos dos torturados", disse.
Marcos Arruda lembrou os momentos da tortura durante a audiência pública realizada hoje, no Centro do Rio, entre a Comissão da Verdade do Rio e a Comissão Nacional da Verdade. O evento debate hoje e amanhã o "Papel das igrejas durante a ditadura". A sessão ainda foi aberta para outros presos políticos, como Arruda, torturados durante o regime militar (1964-1985). "Depois de nove meses fui solto. Eles torturavam pessoas próximas diante de nós para nos obrigar a falar. Não há tortura maior que essa", conta Arruda.
Para esta quarta estão previstos os depoimentos de Dom Waldyr Calheiros, bispo emérito da diocese de Volta Redonda, líder religioso que deu abrigo e facilitou a fuga de diversos perseguidos políticos para outros países.
Aos 90 anos, o testemunho de Dom Waldyr será exibido em vídeo pré-gravado pela comissão nacional pela sua condição de saúde. Também prestará depoimento na quarta o professor e bispo emérito da Igreja Metodista do Rio, Paulo Ayres Mattos, líder ecumênico e presidente da Koinonia - Presença Ecumênica e Serviço.Mattos deu abrigo aos refugiados do Cone Sul que procuraram o Brasil nos anos 1970 após os golpes militares no Chile, Uruguai e Argentina.
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