A Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu ontem pedir informações ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre as investigações envolvendo o cartel de trens em São Paulo. O ministro, que terá dez dias para responder, é acusado pela oposição de usar o cargo para perseguir políticos tucanos ao determinar que a Polícia Federal investigasse um suposto dossiê que envolveria altas autoridades do governo paulista, do PSDB, no esquema de cartel no sistema metroferroviário da capital paulista.
O caso Siemens, como o escândalo ficou conhecido, também vem sendo investigado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do Ministério da Justiça. O presidente do Cade, Vinícius de Carvalho, também é alvo da suspeita de oposicionistas de estar direcionando as investigações para envolver políticos dos governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. Segundo a Justiça Eleitoral, Carvalho oficialmente é filiado ao PT embora alegue que saiu do partido em maio de 2008.
Ontem, Cardozo defendeu o presidente do Cade. "Ele não cometeu nenhuma prática ilegal", disse o ministro. Cardozo ainda disse estar "absolutamente tranquilo" sobre o fato de ter de dar explicações à Comissão de Ética da Presidência. "O ministro da Justiça não pode ser um engavetador geral de denúncia. Se fosse assim, seria um prevaricador geral", disse. "Quem quer criar uma polêmica eleitoral para tirar o foco das investigações não vai nos intimidar."
Apesar de pedir informações ao ministro, a comissão decidiu não determinar exatamente o que pretende saber de Cardozo. O presidente da comissão, Américo Lacombe, disse que a entidade apenas fez o pedido de informações, ma quem decide sobre o que será informado é Cardozo.
Helicóptero
A Comissão de Ética da Presidência também decidiu ontem apurar a conduta da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que usou helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Catarina para inaugurar obras. O helicóptero costuma ser usado para remoção de pacientes graves resgatados em acidentes automobilísticos e em tragédias naturais.