A conselheira Marília Muricy, relatora do processo aberto na Comissão de Ética Pública da Presidência da República para apurar a conduta do ministro Carlos Lupi (Trabalho), fez uma dura análise do comportamento do pedetista, condenando "suas inquestionáveis e graves falhas como gestor" e a "irresponsabilidade de seus pronunciamentos públicos".
Marília não dispensou críticas a Lupi para embasar sua aplicação de advertência e recomendação de exoneração dele do cargo à presidente. Para a conselheira, o ministro misturou "aparente indiferença" quanto às acusações e "certa dose de arrogância" - além disso, as denúncias que atingem o Ministério abalam a "administração pública federal como um todo".
"É inequívoca a falta de zelo na conduta do denunciado que, mesmo alertado pelos órgãos de controle, não tomou medidas hábeis para evitar as ocorrências, que hoje culminam com uma enxurrada de denúncias que abalam a administração pública federal como um todo", diz trecho do relatório aprovado por unanimidade pela Comissão.
A conselheira observa que auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) já haviam encontrado irregularidades na aplicação de recursos e em convênios, "nada indicando qualquer êxito em suas alegadas tentativas de correção de rumos." "O ministro somente solicitou apuração pelas instituições competentes após a divulgação das denúncias pela imprensa", observa o relatório.
Para a conselheira, não bastasse a sucessão de escândalos na Pasta, Lupi fez declarações que soaram como "uma afronta à hierarquia". O ministro afirmou que só deixaria o cargo "abatido a bala", pois é "pesadão".
"Posteriormente tentou a retratação (...). O mal, todavia, estava consumado e, para nosso pesar, indelével. E não só pela gravidade das acusações, que não logrou, satisfatoriamente, repelir, mas pela postura que adotou ao enfrentá-las, valendo-se publicamente de valentia pessoal", critica a conselheira.
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