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Brasília (Folhapress) – A CPI dos Bingos no Senado questionará, na quarta-feira, o advogado Rogério Buratti sobre a ligação dele com o então consultor da presidência da CEF (Caixa Econômica Federal) Ralf Barquete dos Santos durante a renovação de um contrato, que está sob suspeita de corrupção, no valor de R$ 650 milhões assinado com a multinacional GTech em abril de 2003. A multinacional opera as loterias da CEF.

Buratti e Barquete (que morreu em junho de 2004) foram assessores do ministro Antônio Palocci (Fazenda) na prefeitura de Ribeirão Preto (SP). Palocci administrou a cidade entre 1993 e 1996 e entre 2001 e 2002, quando deixou o cargo para ser um dos coordenadores da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República.

Na quinta-feira passada na CPI, o ex-diretor e atual gerente da GTech, Marcelo Rovai, e o ex-presidente da empresa Antônio Carlos da Rocha afirmaram que Buratti e Waldomiro Diniz, então assessor do ex-ministro da Casa Civil e deputado federal José Dirceu (PT-SP), tentaram extorquir R$ 6 milhões da multinacional para permitir a renovação do contrato.

Um documento em poder da CPI aponta que Buratti e Barquete trocaram 99 telefonemas entre 12 de fevereiro de 2003 e 15 de abril do mesmo ano. O contrato com a GTech foi renovado com a CEF no dia 8 daquele mês.

As ligações variaram de dez segundos (a contar do momento que o telefone foi atendido) a quatro minutos e meio. A maioria dos telefonemas partiu de Buratti para Barquete.

Segundo a CEF, Barquete não foi indicado pelo ministro Palocci ao cargo no governo federal. Assumiu o cargo, conforme informação da CEF, porque a sua experiência "como secretário municipal em Matão (SP) e em Ribeirão Preto (na gestão de Antônio Palocci) o credenciava ao exercício da função''.

Em 2001 foi nomeado secretário de Fazenda por Palocci. Em 4 de fevereiro de 2003, assumiu o cargo de consultor da presidência da CEF. Cinco meses depois, afastou-se para tratamento de saúde.

Buratti deixou a secretaria na Prefeitura de Ribeirão Preto em 1994 acusado de corrupção em obras públicas.

Marcelo Rovai e Antônio Carlos da Rocha, ex-dirigentes da GTech, disseram no depoimento à CPI que não pagaram os R$ 6 milhões exigidos por Buratti.

Ligações para Rovai

Outro documento em poder da CPI aponta que, dos dias primeiro a nove de abril de 2003, Buratti ligou seis vezes para Rovai, que naquela época foi designado pela GTech para negociar com a CEF a renovação do contrato. O ex-assessor de Palocci, por sua vez, recebeu quatro ligações de Rovai no mesmo período.

Análise de contas

Na avaliação do relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), uma análise das contas da GTech, cujo sigilo foi quebrado, poderá revelar se Buratti e pessoas ligadas a ele receberam dinheiro da empresa.

Embora Rovai e Rocha neguem o pagamento, o contrato da GTech com a Caixa Econômica Federal foi renovado no dia 8 de abril de 2003, o que desperta a suspeita da CPI sobre corrupção no negócio de R$ 650 milhões.

A assinatura do acordo chegou a ser adiada no dia primeiro daquele ano, após uma reunião com Buratti pela manhã.

Rovai disse que à tarde, quando estava de táxi a caminho da sede da CEF em Brasília, recebeu um telefonema de Buratti afirmando que não adiantava ir ao prédio. Minutos depois, segundo Rovai, uma secretária da CEF ligou cancelando o encontro.

A ligação de Buratti de fato ocorreu, segundo documento da CPI.

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