Curitiba O sub-relator de movimentações financeiras da CPI dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), vai pedir o indiciamento do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e do publicitário Marcos Valério durante apresentação do relatório parcial da comissão, previsto para ser divulgado amanhã. Fruet, o relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Antônio Biscaia (PT-RJ), participaram de um debate sobre reforma política na sede da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
Apesar de negar um relatório "bombástico", Fruet afirmou que a CPI vai "desconstruir no varejo um esquema que foi bem construído no atacado".
Segundo Serraglio e Fruet, um leque muito grande de pessoas está sendo investigada pela CPI e podem ser indiciadas em um segundo momento. Os parlamentares evitaram estipular o número de pedidos que serão feitos. Serraglio, porém, sugeriu pelos menos dois nomes que devem constar nos próximos relatórios.
O do secretário de Comunicações do governo Lula, Luiz Gushiken, e o do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato.
Gushiken é investigado por sua relação com as irregularidades em contratos de publicidades nos Correios. Pizzolato teria sido o responsável pelo pagamento antecipado à agência de Valério, que teria utilizado o dinheiro para fazer empréstimos ao PT.
O relator afirmou que, por enquanto, os parlamentares envolvidos com o caso não devem ser indiciados.
O tráfico de influência será o primeiro crime tipificado no relatório. Segundo Fruet, o documento vai se ater a detalhes para provar que houve fraude contábil até se chegar ao suposto empréstimo de R$ 55 milhões que o publicitário tomou para o PT, nos bancos Rural e BMG. Para o sub-relator, mesmo que os contratos das agências de Valério sejam legais na formalidade, "está configurado o tráfico de influência quando o publicitário consegue empréstimos bancários apresentando como garantia os contratos de publicidade com o governo. Toda operação tem um risco. O Valério corria risco zero ao repassar dinheiro ao PT".
Uma condenação por tráfico de influência prevê reclusão de até dois anos. O crime prescreve de quatro a seis anos.
Relator e sub-relator afirmam que a partir do tráfico de influência é que se chegará a outros crimes e outros envolvidos nas operações ilegais com empresas estatais.
O relatório também vai revelar pelo menos 600 transferências bancárias realizadas pelo publicitário.
O documento será dividido em três partes (fiscal, jurídica e política) e buscará consolidar, em planilhas, toda a movimentação bancária da relação Valério-Delúbio: onde começou o pagamento, em que conta e quem sacou. "É para mostrar que a operação do Marcos Valério não era simples, típico de quem lava dinheiro."
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