Secretário diz que não há dependência
O secretário de Relação com a Comunidade da prefeitura de Curitiba, Fernando Guedes, nega que a contratação de líderes comunitários para intermediar o diálogo entre a prefeitura e as reivindicações da população gere uma relação de dependência política. Segundo ele, as questões partidárias e eleitorais não influenciam no atendimento dos pedidos de obras e investimentos nas comunidades. "A atenção que a prefeitura dá é igual para todas as associações de moradores", diz.
Reuniões
Desde o mês passado, a secretária de Estado da Família e Desenvolvimento Social, Fernanda Richa, tem se encontrado com líderes comunitários de Curitiba nas sextas-feiras de manhã no Palácio das Araucárias, sede do governo estadual. Um café da manhã é oferecido ao grupo depois de discursos que falam da "parceria" entre a prefeitura da capital e o governo.
No último dia 26, a Gazeta do Povo acompanhou uma reunião com representantes de Santa Felicidade. "Estamos aqui para conversar, relembrar o que a gente já fez e falar sobre o que a gente pode fazer no futuro", disse Fernanda.
Os dez líderes comunitários empregados na prefeitura de Curitiba garantem que ter um cargo em comissão não significa apoio incondicional ao Executivo e aos seus representantes. Todos dizem que foram contratados na capital para realizar funções de assessoramento de associações de bairro e clubes de mães, além de intermediar as reivindicações com o poder público. Não haveria compromisso de apoio eleitoral.
No entanto, as declarações de alguns deles contradizem isso. "A gente está conscientizado o pessoal que a gente tem que eleger o Luciano Ducci (PSB) porque os candidatos que estão vindo aí não conhecem nossa realidade", diz, por exemplo, a presidente da União de Mulheres Líderes Comunitárias de Curitiba, Maria da Paz Basso. Ela é agente da Secretaria Municipal Extraordinária de Relações com a Comunidade.
No ano passado, Edson Pereira Rodrigues, conhecido como "Edson Parolin", foi multado pela Justiça Eleitoral por discursar em um evento público pedindo votos para Beto Richa (PSDB), que disputaria o governo em outubro. O discurso foi feito em maio, quando a campanha ainda era proibida, durante um evento de distribuição de cobertores da prefeitura de Curitiba. No mesmo evento, a atual primeira-dama do estado, Fernanda Richa, também discursou e acabou multada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Há dez anos à frente da associação de moradores do Parolin, Rodrigues tem na ponta da língua as várias conquistas: "Asfalto em toda a vila, unidade de saúde em construção, armazém da família, Centro de Assistência Social, três creches, uma escola, uma academia, um campo de futebol sintético e uma vila para carrinheiros." Porém, ele não se ilude. Sabe que as melhorias aconteceram por interesses eleitorais. "O político nunca vê você. Vê o que está atrás, os votos que ele pode conseguir", diz. Filiado ao PSDB, Edson Parolin é hoje gestor público da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab).
Discurso
No discurso, porém, os líderes são todos contrários a qualquer relação de dependência com o poder público. "Eu sou responsável por vistoriar as ruas que precisem de tapa-buraco, acompanhar pedidos. Tudo em relação a queixas que dependam da prefeitura", conta Luiz Carlos Saragiotto, filiado ao PSDB, presidente da Associação de Moradores Jardim Florianópolis (Cajuru) e agente público na Secretaria de Governo Municipal. "Sei o que a comunidade precisa e o que prefeitura pode contribuir", justifica Jonas Lemes dos Santos, da Associação Comunitária Andorinhas e assessor da Administração regional da Boa Vista.
Para eles, ser funcionário público não significa ser condescendente com os políticos. "Você não tem ideia de como eu bato na prefeitura, se for necessário", diz Neemias Portela, presidente da Associação de Moradores da Vila Autódromo e gestor público da Secretaria de Relações com a Comunidade. "A comunidade é a que mais ganha nessa relação, ela é mais bem atendida", defende o presidente da União das Associações de Moradores da Cidade Industrial, Iranei Fernandes, contratado como gestor público da Administração regional da CIC.
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