• Carregando...
Família de Picciani é alvo de polêmicas. | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Família de Picciani é alvo de polêmicas.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com 36 anos, o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ) se tornou um dos aliados mais poderosos da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara. Na última quarta-feira (17), ele foi eleito líder do PMDB na Câmara. Com isso, será o responsável por indicar os peemedebistas da comissão do impeachment e por coordenar a bancada na votação de projetos de interesse do governo. Sua eleição foi considerada uma batalha vencida pelo Planalto.

Apesar de jovem, ele já é veterano em Brasília: foi eleito deputado com apenas 23 anos, e lá está desde então. O sucesso na carreira política está muito ligado à sua família. Seu pai, Jorge Picciani, é uma das principais lideranças do PMDB do Rio de Janeiro. Apesar de ser pouco conhecido no resto do país, é considerado mais influente no diretório fluminense do partido que o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ou o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Ele também é pecuarista.

Ex-aliado de Cunha, líder do PMDB “virou a casaca” após emplacar ministros

Do lado do governo, a aliança com Picciani foi fundamental para solidificar a aliança com o PMDB do Rio de Janeiro. Entretanto, essa aliança pode trazer problemas para a presidente, uma vez que o deputado e sua família estiveram envolvidos em diversas polêmicas desde que entraram para a política.

Em novembro de 2015, reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que o líder do PMDB na Câmara é sócio de empresa Tamoio, que fornece brita para obras das Olimpíadas de 2016. São sócios também da empresa seu pai e seu irmão, o secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Rafael Picciani.

Lobista pagou marqueteiro do PT na Suíça durante a campanha de Dilma

Leia a matéria completa

Já em abril de 2015, reportagem da revista Época mostrou que 49% das ações da Tamoio foram compradas, em 2012, de um sócio da empresa que estava morto havia um ano e meio – Jorge confirmou a transação, mas disse que esse detalhe foi um “erro” do contador da empresa. Após a compra da empresa, em 2011, Leonardo e Rafael quintuplicaram seu patrimônio. A Tamoio é avaliada em R$ 70 milhões.

Essa mesma empresa é responsável por fornecer brita a obras como a do Parque Olímpico e da via expressa Transolímpica. Ambas são parcerias público-privadas envolvendo a prefeitura do Rio, comandada por Paes, aliado dos Picciani. A família sustenta que não há ilegalidade, uma vez que os fornecedores são contratados pelos consórcios responsáveis pelas obras, e não pela prefeitura.

Trabalho escravo

Em 2003, 39 trabalhadores em situação de escravidão foram encontrados em uma fazenda da empresa Agrovás, de propriedade da família, no Mato Grosso. À época, Jorge negou ter conhecimento da situação, e culpou dois empreiteiros responsáveis por construir cercas no local. Entretanto, um gerente da empresa disse que ele visitava a área frequentemente e tinha conhecimento da situação. Em 2004, ele fez um acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e se comprometeu a pagar R$ 250 mil em indenizações.

Ex-aliado de Cunha, líder do PMDB “virou a casaca” após emplacar ministros

A “conversão” de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) em ponto de apoio para a presidente Dilma Rousseff no Congresso é recente. Em 2014, o PMDB do Rio foi um dos mais rebeldes. O pai de Picciani, Jorge Picciani, articulou uma aliança com o DEM, de César Maia, e fez campanha abertamente pela chapa “Aezão” – apoiando as candidaturas de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República e de Luiz Fernando Pezão (PMDB) ao governo fluminense.

No início de 2015, Leonardo foi eleito líder do PMDB pela primeira vez, e no início da sua trajetória era um aliado importante do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – que, já à época, tinha uma relação problemática com o governo.

O ponto de virada veio no segundo semestre de 2015. Em setembro, Dilma cedeu dois ministérios à liderança da bancada do PMDB. O ministério da Saúde ficou com Marcelo Castro (PMDB-PI), enquanto a pasta de Ciência e Tecnologia ficou com Celso Pansera (PMDB-RJ). As mudanças agradaram Picciani, que passou a atuar para reaproximar a bancada do PMDB e o governo.

Essa mudança súbita, porém, rachou a bancada. Em dezembro, oposicionistas ficaram com a maioria, e destituíram Picciani para indicar Leonardo Quintão (PMDB-MG), com o apoio de Cunha. A maioria voltou a ficar com o grupo de Picciani após dois deputados fluminenses licenciados voltarem à Câmara. Em fevereiro, foi reeleito após disputar eleições internas com Hugo Motta (PMDB-PB) – venceu por 37 votos a 30.

Bom de voto

Ao longo dos últimos anos, Picciani conseguiu votações expressivas. Entre 2006 e 2014, oscilou entre os 160 mil e os 180 mil votos. Na eleição passada, foi o quinto deputado federal com melhor desempenho no Rio de Janeiro, conseguindo 180.741 votos. Sua campanha foi bem abastecida de recursos: custou R$ 3,4 milhões – sendo R$ 699 mil da OAS e da Queiroz Galvão, empresas investigadas pela Operação Lava Jato. (CM)

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]