De janeiro de 2003 até agora, o rendimento médio dos trabalhadores da iniciativa privada cresceu 13,7%, em termos reais, e chegou a R$ 1.480,30. No setor público, o ganho foi de 26,5%, e o rendimento médio é de R$ 2.549,92 ou seja, R$ 1,1 mil a mais. Entretanto, de acordo com servidores e especialistas, não é possível comparar o rendimento da iniciativa privada com o do poder público.
"Muitas atividades não têm nem comparação. Como é que vai dizer que um diplomata ganha muito? Não há função semelhante na iniciativa privada", observa Roberto Piscitelli, professor da UnB e membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon). Segundo ele, o mesmo ocorre com as funções típicas de Estado.
"É muito subjetivo falar que o salário de um auditor, de um fiscal é alto. O trabalho é de grande complexidade e há um teto salarial para ser respeitado", observa Antônio Augusto de Queiroz, analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Os dois especialistas dizem que as carreiras públicas tentam atrair os melhores quadros, e por isso fazem um teste seletivo bastante rigoroso. "A intenção é ter as melhores cabeças trabalhando para o governo, e por isso a remuneração deve ser atrativa", observa o professor da UnB.
Descontos
De acordo com o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Gabriel Wedy, o salário bruto do funcionalismo é alto, mas há muitos descontos obrigatórios, como Imposto de Renda e contribuição previdenciária. "Os juízes, por exemplo, têm um salário líquido de R$ 13 mil. Mas tem servidor que ganha mais. Isso não poderia ocorrer, fere toda a hierarquia da Justiça", diz.
Segundo Piscitelli, se for feita alguma comparação, é possível dizer que o salário dos ministros do STF não é compatível com o trabalho. "Se observarmos quanto ganha um advogado que circula ali mesmo pelo Supremo, a remuneração dos ministros é bem baixa mesmo", diz. Para ele, o reajuste do STF é um assunto delicado, pois o teto constitucional é vinculante, e qualquer aumento provoca um efeito cascata em outros setores. (RF)
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