R$ 4,5 bilhões é o custo da encomenda dos caças feita a Suécia.
A compra dos caças suecos Gripen NG contrasta com a realidade da Força Aérea Brasileira (FAB). Por trás dos sorridentes militares que comemoraram o resultado do projeto, esconde-se uma situação crítica. Enquanto no ar os pilotos de caça não conseguem cumprir, em um ano, as 150 horas de voo obrigatórias para manter as condições de combate, na terra a Aeronáutica conduz discretamente um processo de desativação de bases aéreas para gastar menos. E a expectativa na tropa, com a encomenda de R$ 4,5 bilhões a Suécia, é que o comando aperte ainda mais os cintos.
A pretexto de redimensionar a frota, a Aeronáutica já esvaziou os hangares de duas bases aéreas. O único esquadrão que operava na Base de Fortaleza (CE), os Bandeirantes de instrução do 1.º do 5.º Grupo de Aviação, foi transferido para Natal (RN). A capital potiguar também foi destino do esquadrão 1.º do 11.º, composto por helicópteros Esquilo, que deixou sem aeronaves a Base de Santos (SP).
Por vir
Embora a Aeronáutica não confirme, a política de desativação deve atingir agora a base de Florianópolis (SC), sede do esquadrão Phoenix, formado por Bandeirantes Patrulha (2.º do 7.º), e a histórica Base Aérea do Campo dos Afonsos, na Zona Oeste do Rio, onde o silêncio já impera sobre o barulho das turbinas. Berço da aviação militar e primeira escola de formação de pilotos, Afonsos abriga um esquadrão de Hércules C 130 (1.º do 2.º GT), que deverá ser transferido para a base do Galeão(RJ), e um esquadrão de helicópteros (3.º do 8.º), que iria para Santa Cruz (RJ).
Afonsos e seus Hércules de lançamento de tropas viveram durante décadas um processo de simbiose com a vizinha da Brigada de Infantaria Paraquedista. Porém, com a intenção do Exército de transferir os paraquedistas para o Planalto Central, a base perderá o sentido operacional. Seu esvaziamento também deverá vitimar o Parque de Material Aeronáutico, local da unidade onde acontecem as grandes manutenções da Força, mas não se sabe o que vai acontecer com o Museu Aeroespacial, parte do complexo.
Cortes
Uma base dotada de esquadrões mobiliza de 800 a 1 mil militares, movimento que impulsiona economicamente o entorno da unidade. Sem aeronaves e servindo apenas de base de apoio, a necessidade despenca para 100 homens. Para uma força que, hoje, é obrigada a cortar o expediente matinal por não ter alimentação a oferecer aos soldados, a economia é considerável.
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