Computadores portáteis e de mesa viraram alvo de quadrilhas especializadas na capital. Nesta madrugada, um bando de 15 homens armados tentou roubar laptops que estariam num depósito da Receita Federal na zona sul da capital. A ação durou cinco horas e o bando chegou a fazer refém a família do caseiro do galpão, que mora no local. Os bandidos estavam atrás de laptops que pertenceriam ao conjunto de mercadorias apreendidas do chinês Law Kin Chong, acusado de ser o maior contrabandista do país. Mas a quadrilha era atrapalhada. Na hora H, viu que entrou no depósito errado e acabou levando da Receita Federal uma carga de bebidas falsificadas e produtos eletrônicos apreendidos há mais de 10 anos, que hoje não têm mais valor comercial e seriam destruídos.
Os produtos de informática são a atual fonte de interesse de quadrilhas especializadas que agem em São Paulo. Nos bairros do entorno do Aeroporto de Congonhas, como Moema, Vila Mariana, Aeroporto e Campo Belo, na zona sul, os ladrões de notebooks infernizam a vida de executivos. Pelo menos dois flagrantes do crime são feitos por semana e a polícia já detectou que os bandidos mudaram de tática. Essa mudança ocorreu depois que a Polícia Militar começou a fazer ronda ostensiva com motocicletas nos principais corredores de saída do aeroporto. Dentro do aeroporto, são três casos de furto registrados mensalmente e outros três de roubo.
- Os bandidos estão mudando de estratégia. Estão deixando de roubar executivos que saem do aeroporto para roubá-los na ida e evitar a segurança de Congonhas. Os ladrões, que agem de moto, têm abordado pessoas que saem do Centro Empresarial e dos bons hotéis da cidade - afirma o delegado Márcio Tozatti, chefe da delegacia do aeroporto.
O delegado Roberto Calassa, do 27º Distrito Policial, revela que seus policiais investigam conivência de taxistas com ladrões de notebook. Muitos dos relatos de pessoas roubadas são de terem sido roubados já dentro do táxi, a caminho de casa ou do escritório. Calassa diz que há táxis clandestinos agindo no local. A presença de táxis clandestinos é inusitada, já que os próprios taxistas da capital costumam ser vigilantes com outros que entram no ponto sem autorização.
"Olheiros"
Normalmente, 'olheiros' ficam dentro do aeroporto e indicam para motoqueiros, por celular, qual passageiro deve ser atacado no trajeto e o que ele leva. Não há um registro único de roubo por produto. Portanto, não há estatísticas. No ano passado, pelo menos 9 computadores portáteis foram roubados dentro de Congonhas. Em 2004, foram 45.
Outros dois assaltos ocorridos no início do mês chamaram a atenção da polícia. Num deles, 10 homens armados levaram 200 computadores novos do prédio da Secretaria Municipal da Saúde durante a madrugada. Pelo menos 51 foram recuperados no Itaim Paulista, na zona leste, quando estavam sendo desmontados. Eles estavam sendo separados - gabinetes de um lado, placas de outro. A polícia acredita que as peças seriam vendidas posteriormente no mercado paralelo de peças para computadores.
Na mesma semana, um prédio comercial foi assaltado na Avenida Bernardino de Campos, na Vila Mariana. Oito homens armados entraram e levaram 18 computadores portáteis, equipamentos de telefonia e de informática. A polícia suspeita de assalto sob encomenda.
A polícia paulista não tem uma estatística sobre arrastões em condomínios na capital, mas percebeu que recentemente as quadrilhas têm priorizado prédios comerciais.
- Normalmente, quando essas quadrilhas fazem esse tipo de ação, eles já têm um levantamento do que pretendem levar - afirmou o delegado Ruy Barros.
Também os lojistas estão sendo alvo das quadrilhas. Nesta segunda-feira, a Polícia Militar dois assaltantes na esquina das Ruas Zacarias de Góis com Morais de Barros, no Campo Belo. A dupla é acusada de roubar três notebooks, avaliados em R$ 4 mil cada, de uma loja da Rua Loefgreen, Vila Mariana, também na zona sul.
- Eles costumam vender os notebooks por R$ 1 mil - disse Calassa, do 27º DP.
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