Escolhido pela presidente Dilma Rousseff como novo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner (PT) não é um homem de extremos.
Confrontado com os escândalos de corrupção do PT, repetiu por anos a fio que “existem os santos e diabos em todos os partidos”. Na economia, diz que não acredita nem em liberdade total ao mercado nem em intervencionismo exacerbado. Fundador do PT, Wagner não integra nenhuma das correntes internas do partido e consegue uma proeza restrita a poucos: é amigo e goza da confiança tanto do ex-presidente Lula como da presidente Dilma.
Equilibrando-se na linha que separa “lulistas” e “dilmistas”, é alçado ao principal ministério nos governos petistas na condição de bombeiro.
Repete um filme visto há dez anos, quando no auge da crise do mensalão, no primeiro governo Lula, assumiu a articulação política e com Aldo Rebelo e Eduardo Campos formou a trinca que ajudou a pavimentar a reeleição do ex-presidente. A seu favor, um perfil conciliador que lhe rendeu fama ao transitar bem no PT, entre partidos aliados e de oposição.
E que fez, contra todos os prognósticos, com que vencesse as eleições para o governo da Bahia em 2006, ser reeleito em 2010 e no ano passado emplacar como sucessor um de seus amigos mais próximos, o hoje governador Rui Costa (PT).
Vitorioso três vezes, deixou o governo da Bahia com uma avaliação mediana, enfrentando problemas na segurança pública e na gestão financeira do Estado. “Não é um bom gestor. Mas sempre foi jeitoso e boa praça”, dispara um adversário político da Bahia.
A expectativa é que deixe a parte operacional do ministério a cargo de Eva Chiavon, seu braço direito que já foi a número dois no Ministério do Planejamento e hoje é secretária geral na Defesa.
Com isso, Wagner deve manter o foco nas costuras políticas para, em tempos de torneiras fechadas, tentar repetir uma proeza que conseguiu na Bahia: dizer não aos pedidos dos aliados e os fazer sair sorrindo de seu gabinete.
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