Um dia após sustentar que não pensava em renunciar ao mandato mesmo com a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) mudou o discurso nesta sexta-feira (21) e disse que vai fazer consultas aos líderes da Casa e a sua família para decidir seu futuro político.
Ele afirmou à reportagem que vai começar as sondagens na segunda-feira, quando retorna para Brasília. Ontem, o STF analisou recurso apresentado pelo deputado, condenado na corte em 2011, e manteve a sua sentença de 3 anos e 1 mês de prisão, em regime aberto na prática, ele terá de ficar em casa nos fins de semana e feriados e entre as 21h e as 5h nos dias úteis.
Segundo o Ministério Público, ele pagou laqueaduras - cirurgia para que mulheres não possam mais ter filhos - em troca de votos nas eleições municipais de 2004."Não quero fazer nada de forma precipitada. Vou consultar as lideranças, vou consultar o partido, vou consultar minha família para decidir o que vou fazer. Quero amadurecer todas as ideias antes de decidir", disse Bentes.
A Câmara dos Deputados ainda não foi comunicada oficialmente pelo Supremo sobre o pedido de prisão do congressista. Após receber o informe do tribunal, a cúpula da Câmara vai marcar uma reunião para decidir sobre a abertura do processo de cassação, pois a Constituição prevê a perda do mandato em caso de sentença criminal.Nos bastidores, integrantes do comando da Câmara admitem que o caso provoca constrangimento ao Legislativo. Alguns parlamentares defendem que ocorra um movimento para pressionar Bentes a renunciar para evitar o desgaste de um processo de cassação e também para a imagem da instituição.
Se o processo de perda de mandato for iniciado, ele terá que ser votado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e, se aprovado, segue para o plenário, precisando de 257 votos para a cassação. A votação é aberta.
Bentes é o sexto parlamentar sentenciado à prisão pelo STF desde a Constituição de 1988. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), evitou polemizar. "Parlamentar experiente, ele saberá, ouvindo seus amigos, tomar a melhor decisão. A Câmara cumprirá o seu dever regimental no trato da questão", disse.
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