Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, o advogado Rogério Tolentino se antecipou a uma decisão da Corte e entregou seu passaporte. Um dos interlocutores mais próximos e advogado do empresário Marcos Valério, operador do mensalão, Tolentino foi condenado por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, requisitou na semana passado ao Supremo que determine a apreensão dos passaportes de todos os 25 condenados no julgamento do mensalão para evitar que eles deixem o país.
O pedido, que está sob segredo de Justiça, chegou ao tribunal na última quarta-feira e está no gabinete do relator do processo, ministro Joaquim Barbosa. Ministros ouvidos hoje pela reportagem disseram que Barbosa ainda não decidiu a questão. Ele viajou para Alemanha, onde passa por tratamento de saúde. O ministro sofre de doença crônica no quadril.
O passaporte de Tolentino foi enviado ontem para o gabinete de Barbosa pelo correio. O advogado dele, Paulo Sérgio Abreu e Silva, disse que a medida é antecipatória para evitar novo desgaste ao seu cliente. "O Rogério não vai deixar o Brasil e vai cumprir a pena, então achei mais simples entregar logo o passaporte."
Abreu disse que a entrega do documento não interfere na definição das penas, que será feita nas próximas semanas pelo Supremo. Com a viagem do relator, o julgamento foi suspenso e será retomado no dia 7 de novembro. "Não vai interferir em nada, simplesmente não quero amolação da Polícia Federal na porta dele, já chega de mais escândalo", disse.
A defesa de Tolentino evitou fazer previsões sobre a expectativa do tamanho das penas. Ele disse apenas que achou "muito alta" a pena de 40 anos aplicada a Marcos Valério por cinco crimes cometidos no mensalão -essa punição deve ser revista no Supremo. "Espero que a pena [do Tolentino] seja muito menor".
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