Pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra uma queda de 12 pontos percentuais na confiança no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na pesquisa de junho, 56% dos entrevistados disseram que confiavam no presidente, contra 44% da pesquisa de setembro, que ouviu 2002 pessoas entre os dias 8 e 12 de setembro em 143 municípios de todas as regiões do país. O percentual dos que não confiam no presidente subiu de 38% para 51%.

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Segundo a pesquisa, a aprovação ao governo caiu de 55% em junho para 45% em setembro, enquanto a desaprovação subiu de 38% para 49%. A avaliação positiva caiu seis pontos, de 35% para 29%. A avaliação ruim e péssima subiu 10 pontos, pulando de 22% para 32%, enquanto a regular caiu de 41% para 36%. A desaprovação ao governo caiu de 38% para 49%. A margem de erro é de 2,2 pontos para mais ou para menos.

A expectativa dos entrevistados em relação à posse de Lula, por exemplo, caiu 8 pontos. Em junho, 31% disseram que a expectativa estava melhor do que antes da posse, índice que caiu para 23% na pesquisa de setembro. Outros 44% disseram que a expectativa está pior, contra 34% em junho. O percentual dos que acham que a expectativa está igual ao período antes da posse variou de 33% em junho para 30% em setembro.

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Outra conclusão da pesquisa é que Lula perdeu muito apoio entre os que votaram nele no segundo turno das eleições de 2002. Dos 57% dos entrevistados pela pesquisa que votaram em Lula no segundo turno, apenas metade dissera que votaria novamente no petista; 16% votariam no prefeito de São Paulo, José Serra; 4% no prefeito do Rio, Cesar Maia; 9% no ex-governador do Rio Anthony Garotinho; 5% na senadora Heloisa Helena; 12% votariam em branco ou anulariam o voto; e 5% não sabem ou não opinaram.

Dos 81% que disseram ter tomado conhecimento da crise política, 47% acham que Lula deveria disputar a reeleição, contra 49% que pensam que não. Indagados se as notícias dos últimos dias foram mais ou menos favoravéis ao governo, 61% disseram que foram mais desfavoráveis, 16% acharam que o noticiário foi neutro e 11%, mais favorável. Para 28% dos entrevistados, a acusação mais séria contra o governo é a de pagamento de mesada a parlamentares para garantir votos, 21% citaram as denúncias de corrupção nos Correios, 10% citaram as denúncias envolvendo o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, e 9% a denúncia de caixa dois do PT.

A pesquisa mostra um crescimento expressivo dos que tomaram conhecimento das denúncias envolvendo o governo. Em junho, apenas 58% disseram que sabiam da crise, contra 81% em setembro. Do total deste mês, as denúncias são totalmente verdadeiras para 46%, mais verdadeiras do que falsas para 32%, mais falsas do que verdadeiras para 13% e totalmente falsas para 3%. Já o percentual dos que não tomaram conhecimento das denúncias passou de 41% na pesquisa de junho para 18% em setembro.

O levantamento revela uma queda significativa na aprovação da política de combate à pobreza do governo Lula. Em junho, 52% dos entrevistados aprovavam a atuação nessa área, contra 43% na pesquisa de setembro. A desaprovação subiu de 44% para 52%. Nas demais áreas, como educação, saúde e segurança, os índices mantiveram-se mais ou menos estáveis em relação a junho.

Nas áreas de educação e saúde, 45% desaprovam a atuação do governo, contra 50% que aprovam. Na segurança, 30% aprovam, contra 53% que desaprovam. O combate à inflação tem a aprovação de 39%, contra 52% que desaprovam. A taxa de juros tem aprovação de 25% e desaprovação de 63%. O combate ao desemprego é aprovado por 33% e desaprovado por 61%. A grande maioria, 71%, desaprova a carga tributária, contra 20% que aprova.

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Para o presidente da CNI, Armando Monteiro, a pesquisa Ibope mostra que a economia está descolada da crise política, que produziu um impacto bastante negativo na imagem do governo Lula. Segundo ele, a crise não afeta a economia porque os fundamentos estão sólidos. Ainda segundo ele, ninguem imagina que haverá crise institucional no país, até porque o Brasil desenvolveu o que ele chamou de tecnologia de convivência com as crises anteriores.

- Essa crise produziu uma perda de substância política no governo, mas não vejo risco de contaminação iminente da economia. O desempenho da economia está assegurado em 2005. Salvo novas denúncias, a crise está perdendo força. O pior momento para a imagem do presidente Lula foi ultrapassado. Não vislumbro algo que possa comprometer o presidente - disse Monteiro.