O empresário Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da Construtora Norberto Odebrecht, ficou em silêncio na Polícia Federal durante a audiência realizada no dia 17 de julho. Acompanhado de seus advogados, o empreiteiro - preso desde 19 de junho na Operação Erga Omnes, 14.º capítulo da Lava Jato - não respondeu a uma sucessão de nove perguntas que lhe foram feitas pelo delegado Eduardo Mauat da Silva.
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Apenas ao final, ele declarou. “Que continua confiando nos seus companheiros, ou seja, nos executivos que foram detidos acreditando na presunção de inocência dos mesmos”, transcreveu a PF.
Os ‘companheiros’ a que o empreiteiro se refere são executivos desligados de cargos estratégicos na Odebrecht depois que se tornaram alvo da Lava Jato, assim como ele próprio - Rogério Santos de Araújo, Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, Márcio Faria da Silva e César Ramos Rocha.
A escolha de Odebrecht pelo silêncio já havia sido anunciada por sua própria defesa, antes mesmo da audiência. No dia 17 de junho, o empreiteiro teve dois encontros com o delegado da Lava Jato na sede da PF, onde está recolhido em caráter preventivo, por ordem do juiz federal Sérgio Moro.
O primeiro encontro, na parte da manhã, foi para tratar especificamente do bilhete que o próprio Odebrecht escreveu na Custódia da corporação - uma frase,. ‘destruir e-mail sondas’, chamou a atenção da PF e causou forte polêmica. A defesa do empresário esclareceu que a expressão significa ‘rebater’ e não destruir provas.
Na outra audiência, à tarde, ele ficou em silêncio, orientado por seus advogados, os criminalistas Dora Cavalcanti e Augusto de Arruda Botelho.
A estratégia foi antecipada pela defesa, em nota publicada pela Odebrecht antes mesmo da hora marcada para o depoimento. Ele invocou o ‘seu direito constitucional de permanecer calado’.
Mesmo assim, o delegado Mauat registrou as perguntas que fez ao investigado. “Marcelo Odebrecht não respondeu, por exemplo, se ‘participou ou teve conhecimento de qualquer esquema visando o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos em quaisquer esferas de poder, no Brasil ou exterior, ou para executivos de empresas estatais’; não respondeu se o grupo Odebrecht ‘obteve qualquer privilégio perante a administração pública direta, indireta ou estatais; ainda, se ‘foram feitas doações ou contribuições de forma direta ou indireta por parte do Grupo Odebrecht a pessoas ou entidades com o fim de obter favores ou tratamento privilegiado’.
A todas essas indagações o presidente da Odebrecht permaneceu calado. Manifestou-se apenas uma vez, quando o delegado Mauat lhe perguntou se pretendia dizer ‘algo em seu favor’. “Respondeu que sempre esteve à disposição da Justiça, prestou depoimento anterior em Brasília, acreditando que não seria necessário o cerceamento de sua liberdade.”
Finalizou dizendo que ‘continua confiando nos seus companheiros’. Os outros quatro executivos da maior empreiteira do País que também são investigados na Lava Jato seguiram a trilha do líder do grupo - todos permaneceram de boca fechada na PF naquele mesmo dia 17.
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