SEGUNDO TURNO

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Há uma diferença de mais de 50 pontos porcentuais da senhora para o Beto Richa. A candidata acredita que vai haver segundo turno? E o que a leva a acreditar nisso?

G: - Vai haver segundo turno. Esse é um sentimento que tenho das ruas. Eu tenho andado pelos bairros de Curitiba, conversado com as pessoas e a demonstração de carinho é muito grande. Quando você tem uma eleição definida, com o voto consolidado e as pessoas tendo uma grande empatia pelo candidato que está na frente, é muito difícil ter receptividade quando você anda nas ruas. E eu tenho essa receptividade. Você vai num lugar público e as pessoas vêm conversar, pedir autógrafo, vêm abraçar e dizer que estão acompanhando o programa de tv. Então, obviamente que a movimentação de votos num cenário desse é mais lenta. Até porque nós começamos a ter um embate eleitoral recentemente, através do rádio e da televisão. Eu não tinha nenhum instrumento maior para chegar à população. O prefeito, que é candidato à reeleição, estava na prefeitura, como uma super exposição, uma grande campanha publicitária, sempre falando de suas realizações e da importância que isso tinha para a cidade. Nós começamos agora a fazer o contraponto e a levantar os problemas que a população sente no cotidiano da cidade. E a identificação é muito grande. Obviamente, que tem um tempo de migração disso, as pessoas na (pesquisa) estimula têm o voto definido, mas elas ainda estão indecisas. Se tiver convencimento de propostas, elas mudam o voto.

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PESQUISAS

Na última pesquisa Datafolha a senhora ficou um tanto estacionária. Já não era tempo de ter dado essa reação?

G: - É possível, nós estávamos a dez dias do programa eleitoral. Não havia ainda um forte impacto, ou um convencimento. Porque o convencimento de um eleitor numa situação dessas é de avaliar as propostas. Ele olha, avalia, volta e pensa que um está dizendo que vai fazer, o outro fez. Esse fez, mas não está tão bom. Isso que ela está falando, está correto. Mas ele quer ter uma garantia para que ele, realmente se decida, para arriscar sem medo e fazer uma mudança. Há um sentimento de mudança na cidade. Nós vivemos uma situação, talvez, muito parecida com aquelas das primeiras campanhas do PT, em relação ao presidente Lula. Havia um pouco de receio de fazer uma mudança, as pessoas querem mudar. Sabem que há um grupo político há muito tempo (governando), e, mesmo o prefeito sendo jovem, quem o acompanha já tem uma trajetória na prefeitura. (Os eleitores) Estão querendo conhecer uma gestão nova, mas tem um pouco dessa insegurança e é isso que nós tentamos vencer na campanha.

REJEIÇÃO

O crescimento nas pesquisas, a partir dos programas de rádio e televisão, foi pequeno. Mas como houve um aumento da rejeição?

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G: - A rejeição que eu tenho – e os outros candidatos também apresentam -, tem mais a ver com a consolidação de votos do candidato à reeleição, do que necessariamente uma rejeição à minha pessoa ou aos outros candidatos. Até porque, geralmente, existem dois tipos de rejeição. Uma é rejeitar mesmo o candidato, porque foi eleito, prometeu coisas e não fez ou não teve uma boa administração. E há também a rejeição por desconhecimento ou porque aquele candidato pode ser o que vai disputar com o meu candidato. Eu julgo que essa rejeição que eu estou tendo é muito mais de um voto consolidado no atual prefeito.

PESQUISAS

Com base nas pesquisas, sabe-se que o índice de indecisos é muito pequeno. Onde a senhora vai conseguir o número suficiente de eleitores para levar essa eleição para o segundo turno? G: - Tem o indeciso declarado e tem aquele indeciso que afirma que vai votar em quem está na frente, mas que pode ser convencido. (Esse) É aquele eleitor que ainda está aberto para uma outra proposta. Avalia que as coisas estão boas, tem uma referência no candidato que está na frente – aquela questão do voto útil -, mas se ocorrer um convencimento em termos de propostas, ele muda o voto. Não é aquele voto consolidado, que é o voto que me rejeita, por exemplo.

A senhora tem pesquisas que mostrem uma situação eleitoral diferente das do Ibope e do Datafolha, por exemplo?

G: - Nós fizemos algumas pesquisas internas, anteriores ao Datafolha, e estamos realizando uma pesquisa interna nessa semana. É uma pesquisa que não podemos divulgar porque não registramos.

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A atual gestão e os prefeitos anteriores têm conjunto de informações muito grande sobre a população (dados dos postos de saúde e/ou da Central 156). Essas fontes que os outros candidatos não têm ajudam a não consolidar essa diferença?

G: - Com certeza. Quem tem informação, tem mais acesso ao eleitorado e à população. É uma pena que esse conjunto de informações tão bem estruturado, não sirva para melhorar a qualidade dos serviços públicos. Para se ter uma idéia, até hoje não temos um sistema de informação informatizado de procura de leitos hospitalares em Curitiba. O sistema informatizado da saúde municipal não "fala" com o sistema estadual – e isso mesmo nas épocas em que não havia brigas aqui (entre a prefeitura e o governo estadual). Então, eu acho que se faz um sistema de informação que tem mais um caráter de utilização política, do que um caráter de benefício e de serviço ao cidadão. Por exemplo, o ICI (Instituto Curitiba Informática), em 2005, gastou cerca de R$ 16 milhões - dado do orçamento executado. Para esse ano estão previstos R$ 70 milhões. Eu me pergunto onde estão os benefícios da informatização da prefeitura - do ponto de vista do cidadão? É um crescimento quase que exponencial. Eu acho que investir em informatização é muito importante, principalmente na sociedade que temos hoje, em que a informatização facilita a vida do cidadão. Mas, não temos um programa de inclusão digital, os dados da prefeitura talvez "conversem entre eles". Não sei se é assim, porque às vezes temos ações estanques entre pastas e áreas. Não há um sistema ligando informações dos governos federal, estadual e municipal. A informação pública serve para se desenvolver políticas públicas.

FINANCIAMENTO DE CAMPANHA

Os candidatos que estão atrás encontram dificuldades em convencer os doadores de campanha a financiar uma candidatura que parece que dificilmente chegará ao poder. Onde a senhora pretende conseguir financiamento e com que tipo de empresa espera poder contar?

G: - Não tenho preconceito em procurar ninguém. Desde que a legislação eleitoral permita que se vá às empresas em busca de recursos tenho falado com todas as empresas que eu possa ter interlocução e tenho pedido. Tudo legal. Aliás, a nossa prestação de contas já está no site. Arrecadamos cerca de R$ 2 milhões e tivemos um gasto de R$ 2 milhões. Tenho pedido para bancos que temos contatos, para empresas na área de obras, o PT nacional tem ajudado, pessoas físicas, tivemos o jantar com a ministra Dilma Roussef. Estamos fazendo uma campanha como sempre fizemos aqui. Sempre tivemos dificuldades em arrecadar, mas sempre conseguimos ter interlocução para fazer a arrecadação. Talvez não tanto como o outro candidato tenha e vá conseguir. E nós não achamos que é apenas gastando que se ganha uma eleição. A estrutura é importante, tem que ter um bom programa de televisão e nisso estamos equacionados. Também tem que ter uma boa assessoria jurídica, campanha de rua. Mas não tem que sair por aí comprando as pessoas, pagando para colocar placas nas casas.

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Por que não divulgar quem são os doadores de campanha?

G: - Não sei se não colocamos essas informações no site. Eu vi uma matéria nossa que já divulgava a nossa prestação de contas Não há uma determinação em não divulgar. Não há problema nenhum. Recebemos recursos do PT, do jantar com a ministra, do Bradesco. Antes do primeiro turno vamos colocar os financiadores no site (da candidata). Isso é legal, até porque não posso ser acusada por receber dinheiro de uma empresa. Até porque tenho que buscar quem tem dinheiro. De cabeça não lembro de outros.

CRÍTICAS

Se a candidata tivesse que elencar as duas principais falhas da gestão do atual prefeito, quais seriam essas duas áreas?

G: - Primeiro: saúde, sem dúvida nenhuma. Nós vivemos um momento de dificuldade extrema nos serviços prestados à população, são muito ruins. Nós tínhamos tudo para ter uma boa saúde. Mas, investimos demais na construção de unidades e não prezamos pelo serviço e pela estruturação. Curitiba poderia dar o exemplo para o Brasil de como modernizar a gestão de saúde, inclusive ajudando a inovar e melhorar o sistema único de saúde.

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A segunda (falha) que nós enfrentamos é o transporte coletivo, e aí de responsabilidade direta da prefeitura. Eu citaria também a questão da segurança, na qual há a responsabilidade da prevenção. Mas em relação às falhas diretas de gestão – saúde e transporte coletivo. O transporte (de Curitiba) já foi referência para o Brasil e para o mundo. Agora nós estamos numa situação cada vez pior. Está piorando e as pessoas reclamando.

TRANSPORTE COLETIVO

O que já deveria ter sido feito com relação ao transporte coletivo?

G: - Primeiro, a construção do metrô já deveria ter começado. Não foi iniciada porque não há vontade do grupo político que está na prefeitura. Pois há mais de sete anos já tem os recursos disponíveis para dois projetos de viabilidade econômica. Eu não me conformo em ouvir o prefeito dizer que o tirou o metrô do papel. Não sei se alguém viu onde que ele está (o metrô), porque eu não vi. O metrô ainda está no papel. Nós não conseguimos colocar recursos no orçamento de 2009 para o metrô em Curitiba porque já tem no PPA (Plano Plurianual). Existem R$ 700 milhões de uma emenda do deputado federal Ratinho Júnior e tinha que estar no Plano Plurianual. Não se conseguiu colocar no orçamento da União porque não há um projeto de viabilidade. Então, para onde é que foi o dinheiro do metrô? São Paulo conseguiu para mais uma linha, porque já tinha estudo de viabilidade. Belo Horizonte vai ampliar. E Curitiba, de novo, não tem e não conseguiu licitar. Licitação é um problema aqui. Não se consegue licitar o metrô, o transporte coletivo, o lixo está emperrado. As grandes licitações que tem a ver com a vida da cidade e com os grandes negócios que não vão para frente.

LICITAÇÕES

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E por que isso acontece?

G: - Eu acho que é um problema de gestão administrativa. Os editais são mal feitos. Não se consegue fazer as coisas certas. A questão do lixo da Caximba, por exemplo, não colocaram o local onde vai ser o aterro. As empresas têm que dizer qual é a tecnologia que vão utilizar para o tratamento do lixo. Elas vão dizer se é usina de biogás ou compostagem. Mas isso depende do lugar onde for. Vai ser do lado da Caximba ou na Fazenda Rio Grande, por exemplo? É difícil isso... E na questão do metrô a juíza da vara federal disse que a licitação estava dirigida.

TRANSPORTE COLETIVO Os especialistas dizem que apenas o metrô não será capaz de desafogar o centro da cidade. Quais são as outras propostas? Principalmente as mais imediatas, pois se calcula que o metrô levará seis anos para ficar pronto.

G: - Temos que investir no transporte coletivo. Não há como resolver o problema de trânsito em Curitiba se não tiver um transporte coletivo que seja a opção das pessoas - é melhor ir de ônibus do que de carro. Hoje as pessoas fazem análise de custo/benefício. É melhor ir de carro, porque, apesar de gastar um pouco a mais, se tem conforto. Então, temos um trânsito congestionado. Precisamos inovar em algumas coisas no transporte coletivo. Primeiro: aumentar o número de ônibus. Porque, praticamente, temos o mesmo número de ônibus do que há alguns anos. Tanto que o número de passageiros é o mesmo de dez anos atrás e a própria prefeitura diz isso. E não podemos diminuir o tamanho dos ônibus. Agora eles estão com a história do "micrão", no qual o motorista tem que dirigir e cobrar a passagem. E ele tem que fazer o trajeto no mesmo tempo. Isso não é humano com o trânsito que nós temos e é inseguro para quem está dentro do ônibus. Também temos que fazer a reforma nos terminais. Há mais de dois anos existe a liberação do Ministério das Cidades. A Câmara Municipal, inclusive, aprovou crédito no orçamento do ano passado para que pudesse receber esses recursos. E agora é que estão iniciando as obras nos terminais. Estamos propondo também o Bilhete Inteligente, que consiste em se fazer integração fora dos terminais e estações tubo. O passageiro faz a rota que ele quer e ele tem o período de duas horas para pegar ônibus de qualquer linha. Inclusive se ele quiser ir ao centro, fizer uma compra e retornar ao bairro, dentro de duas horas, irá pagar apenas uma passagem. Isso é viável. Cidades como São Paulo e Campinas já implantaram E como o sistema de pagamento às empresas é por quilômetro rodado, não ocorreriam problemas. Essa proposta não ira onerar o preço da passagem. Outra proposta é o corredor exclusivo para o ligeirinho, que ultimamente está "devagarinho". É claro que temos que investir no trânsito, na malha viária, mas a prioridade tem que ser o transporte coletivo. Por exemplo, no eixo norte-sul. Pois não adianta encher a cidade de viaduto e trincheiras. São Paulo está assim e não funciona.

Não há uma contradição em querer retomar um modelo de transporte que foi idealizado por membros do grupo político rival, como Jaime Lerner e os seus sucessores? G: - Não. Porque não é um reconhecido apenas de leitura política, mas sim nacional. Curitiba sempre teve um modelo de transporte que estava à frente de seu tempo. Não apenas devido ao sistema de ônibus, mas pela malha viária da cidade. Pois a cidade fez uma opção pelo transporte coletivo e pelas pessoas. O sistema estava previsto no Plano Diretor, desde o início da década de 70. O mérito de Lerner foi implantá-lo. Nossas críticas dizem respeito ao fato de Curitiba ter tido um grande desenvolvimento urbano, mas não teve um desenvolvimento humano que acompanhasse. E com isso, temos uma cidade com um número grande de ocupações, violenta e com segregação de juventude pobre.

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PARCERIAS

Até que ponto é possível estabelecer as responsabilidades dos governos federal, estadual e municipal?

G: - É tudo muito interligado. Porque, mesmo que a Constituição defina as responsabilidades, todos têm que ser solidários no resultado. Temos que buscar parcerias e diálogos. Em Curitiba, por exemplo, podemos citar os investimentos do governo federal. Cito o PAC e o aumento de recurso da Caixa Econômica Federal para o financiamento de habitações para classe média e para os setores mais pobres da população. Já na questão da segurança não se pode combater o tráfico de drogas sozinho. É preciso uma operação "casada", utilizando a inteligência. O que não pode é ficar de braço cruzado e dizer que não é de responsabilidade municipal.

AVALIAÇÃO

Quais foram os melhores pontos da gestão de Beto Richa?

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G: - Ele teve o mérito de manter bons programas, como o Mãe Curitibana, o qual deve ser ampliado. Temos que ter um trabalho para as adolescentes, pois temos um índice muito alto de gravidez nessa faixa etária. Há também o Armazém da Família, que não foi criado por ele, mas ele manteve. E é por isso que nosso slogan é "manter o que está bom e fazer o que nunca foi feito". Essa satisfação ocorre devido a mudança de governante, pois o prefeito Cássio Taniguchi foi muito criticado. E também devido à propaganda, pois nunca tinha visto igual. Pois, anteriormente, a publicidade visava uma mudança de comportamento e também apresentar a cidade para outros locais. Nós perdemos isso, agora a propaganda visa destacar as ações da atual gestão.

O que diferencia o PT dos demais partidos?

G: - O que o diferencia é o projeto de sociedade que propõe. É só ver a inclusão social que é grande no país. O PAC surge só no segundo mandato, quando já avançamos em várias metas sociais, como a redução da fome. Os outros países se perguntam como o país conseguiu ter mobilidade social. Mas não podemos negar que o PT mudou. Nós mudamos, não somos os mesmo ao longo do tempo. Nascemos, crescemos, amadurecemos e mudamos. Não existe nenhuma instituição ou pessoa que mantenha os mesmos traços ao longo dos anos, e o PT não está ileso a isso. É natural que as coisas mudem. Mesmo assim, não surgiu até hoje nenhum partido de esquerda com a mesma estrutura do PT.

Mas o PT foi ficando mais leve, usando outras cores...

G: - A minha estrela é vermelha, e as bandeiras também.

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O PT nunca governou em Curitiba, o que a leva a crer que isso pode acontecer agora?

G: - Os resultados do governo federal e a aprovação de Lula, que tem aumentado no Sul do país. Na outra campanha, de 2002, o governo Lula estava no começo, os resultados não eram visíveis e as pessoas perguntavam "cadê o avião do Lula?". Hoje as pessoas analisam o que o PT fez e analisam os resultados.

Ser mulher ajuda, atrapalha ou é indiferente?

G: - O fato de ser mulher sempre faz diferença. É um outro olhar, outra figura. Estamos acostumados a figura masculina na política. Não é uma coisa simples. Mas na campanha do senado e hoje as pessoas demonstram sua vontade de terem uma mulher no poder. Nós nunca fomos testadas em massa, nos cargos públicos. As pessoas acham que podemos ser diferentes, acham que podemos ser mais honestas e mais cuidadosas. Tem até uma pesquisa da ONU que mostra que onde tem mulher a corrupção é menor e os investimentos na área social é maior, a exemplo da Finlândia. A figura da mulher sempre aparece como esperança, mas ainda há o medo, pois temos uma sociedade machista. Muitos pensam: será que vai dar conta? Vai ficar chorando lá, ela tem que dizer que é firme, que vai ter firmeza. Não precisa, senão vou ficar citando Che Guevara aqui...

Uma reportagem da Gazeta do Povo constatou que as ocupações mais recentes, como a Terra Santa no Tatuquara, fecharam com Beto Richa, mas as mais antigas, como Formosa, fecham com o PT. Por quê?

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G: - Curitiba nunca investiu em habitação e continua não investindo, faz com recurso federal. O que acontece é que as pessoas vêem os investimentos na habitação e se faz propaganda dizendo que a prefeitura está fazendo. Chegam ao ponto de riscar o nome do governo federal das placas, e dizem que é obra da prefeitura. Isso acaba criando o apoio. Nas regiões mais antigas as pessoas lutam há mais tempo e sabem o que está sendo feito, que o presidente já morou em ocupação e que ele sabe o que é ter água subindo até o joelho. Eles têm uma visão mais politizada, tem muitas críticas. Além disso, as pessoas estão sendo mudadas para casas de 29 metros quadrados. Dizem é a casa do Lula, casa do Lula não! Por que a prefeitura não coloca mais dinheiro e faz uma casa um pouco maior? Fui a Campo Largo, lá fazem casas de quase 40 metros pelos mesmos R$17 mil. Tem coisas de gestão que a prefeitura poderia fazer muito melhor.

Mesmo que o Beto Richa ganhe, a Sra, já aparece como uma das lideranças da oposição na cidade. Qual é o seu futuro político, pretende voltar a concorrer ao senado?

G: - Meu futuro é na política. Eu fiz uma opção quando sai da Itaipu. Tive de abrir mão de minha carreira executiva, mas ainda é cedo para dizer qual será o rumo. Acho ruim essas discussões de quem vai ser quem em 2010, como se o cargo político fosse o motivo de se estar nessa caminhada. Eu entrei na política para mudar, o que sempre me motivou foi a possibilidade de mudar o que está aí. Posso até ser candidata, e vou ter o mesmo empenho dessa campanha, mas não tenho nada definido.

Dizem que se a eleição ao Senado tivesse mais duas semanas a Sra teria sido eleita...

G: - Tinha uma tendência forte, estava em uma ascendente. Se o presidente Lula tivesse sido eleito no primeiro turno, eu teria sido eleita.

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A presença de Lula na campanha faz falta?

G: - Ele está na campanha. Mas ele só fez duas gravações, para mim e para Marta Suplicy. Não sabemos quando vem, não tem definição na agenda, e ele não está indo para outros lugares. Mas ele aparece no programa.

Rotina de candidata

G: - Eu acordo entre 6h e 6h30, a não ser que tenha agenda mais cedo. Já fiz campanha em metade das empresas da CIC, em todas as garagens de ônibus, agora vou fazer nas portas de hospitais e terminais de ônibus. Já fiz também na Ceasa. Eu acordo cedo, sempre acordei, mas agora tenho dormido mais tarde, depois da meia noite e meia, uma hora.

OUTROS TEMAS

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Confira o que Glesi Hoffmann disse sobre outros assuntos.

Gastos com publicidade

G: - O governo Lula não gasta como Curitiba, é comedido. A maior briga dos veículos com o governo federal é porque não faz campanha publicitária, quem tem feito são as estatais. Publicidade é importante informativa e formativa, educar através de campanhas ambientais, mostrar o que é importante. Pretendo diminuir. Não precisa gastar 85 milhões em 4 anos.

RMC

G: - Curitiba tem que liderar, por seu tamanho e por ser capital, compartilhar, chamar os prefeitos para conversar. É preciso analisar os problemas e compartilhar recursos. Como exemplo cito o lixo, pois tem que pagar royalties para o município que receber.

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Transporte do lixo

G: - A licitação tem que incluir estações de transbordamento que façam compostagem, que é o mais caro. Temos que pensar com a RMC a organização dos catadores, responsáveis pela maior parte da coleta do lixo reciclável.

Consórcio saúde

G: - É preciso implantar o cartão saúde, aproveitar o desenvolvimento tecnológico. As pessoas vêm usar aqui e não acho que é ruim, mas temos que organizar para fazer compensação, achei lamentável o Richa falando que o problema é da RMC. Será que ele vê problema na água que a gente usa? Não temos de que ter visão de exclusão. Foram repassados 87 milhões só para atender pessoas fora de Curitiba (saúde). A capital é dos paranaenses, é mais fácil conversar com os governos federal e estadual, do que "empurrar" o problema.

Linha Verde

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G: - Ela ligará o contorno sul a Colombo, não será apenas uma avenida da cidade. Não há mais dinheiro para acabar o projeto e não pode ser renegociado, para não ter que tirar dinheiro do caixa da prefeitura. Precisamos pensar em projeto que englobe também a RMC.

Despoluição dos rios

G: - Precisamos recuperar os rios, conversar com as cidades da RMC, cuidar das nascentes. O principal é envolver a comunidade, reconhecer a importância daquilo. Tem que haver uma união das empresas, poder público, comunidades e adotar a agenda 21. Criaremos também os comitês de cuidado ambiental.

Ocupações

G: - Não é só pobre, tem gente rica, shopping, asfalto, é uma festa. Os pobres pagam o maior preço. Temos que fazer intervenções de saneamento e educação ambiental. E, nas áreas mais recentes, elaborar uma política habitacional efetiva para realocar as áreas ocupadas. O PT nunca incentivou, mas nunca abriu mão de ajudar. Consideramos a habitação um direito inalienável do cidadão, defendo a aplicação Estatuto das Cidades. Curitiba ainda é tímida nisso, continua fazendo loteamentos distante dos centros, tem que baratear terra para todos, não pode ter especulação imobiliária. Sou contra a idéia de grandes condomínios populares tem de ser feitos mais afastados. Precisamos de pequenos condomínios dentro de estruturas, nada de pombais. O ideal é mesclar a cidade, todos vivendo no mesmo espaço, conforme uma cidade mais igual, mais integrada.

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Políticas juventude

G: - Destaco programas no governo federal, como o Primeiro Emprego e o Pró-jovem.

Integração

G: - Foram investidos R$ 66 milhões pelo governo federal para a assistência social, bolsa família e restaurantes populares.

Funcionalismo público

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G: - Temos que conversar. Tenho poucas informações. Temos de fazer as intervenções necessárias, por exemplo, na saúde. Tem a questão da rotatividade dos médicos e salários baixos. É preciso melhorar o salário dos funcionários públicos, mas o aumento depende de três fatores: servidor, cidadãos e caixa da prefeitura. Pretendo fazer uma redução de 50% dos cargos em comissão, há muitas funções gratificadas. Não sou contra cargos comissão, eles são importantes para a gestão. Mas tem que haver uma diminuição.

Transparência

G: - Vou fazer um Portal da Transparência, a exemplo do governo federal.

Nepotismo

G: - Sou contra, já disse que o Paulo Bernardo não vai ser presidente da FAS, nem secretário de finanças. A proposta de Tadeu Veneri foi muito importante, só não insistimos na votação porque poderia ser rejeitada e então só voltaria na próxima legislatura.

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Viagem para a Europa

G: - Fui para a Itália visitar o sistema de Educação Infantil. Eles têm tradição e um modelo diferenciado. A Educação Infantil é base do desenvolvimento humano, não é a nossa concepção que é a de cuidar de crianças. Para a atual administração independe se a mãe trabalha ou não. É uma política muito leiga. Na França conheci o sistema de locação de bicicleta, a Europa inteira está investindo nisso. Acho que devíamos investir também. Falei com alguns técnicos dessas áreas. Aqui, por exemplo, estou propondo aumentar a rede ciclovias em 160 km, integrando com a rede de transporte coletivo. Faremos ciclovias e ciclofaixas bonitas e iluminadas e não aquelas faixas na calçada. Lugar de bicicleta é na rua e não disputando lugar com pedestres. O aluguel é interessante, mas Curitiba ainda não tem cultura de andar com a própria bicicleta.

Radares

G: - Sou a favor dos radares, desde que sinalizados com placas. Mas o que precisamos é investimento em educação, pois não adianta só multar. É importante se a pessoa não entende que não pode fazer, mexer no bolso faz pensar. Mas fazer disso a única forma de mexer no comportamento das pessoas é errado. As campanhas mudam mesmo a mentalidade das pessoas, por exemplo, a lei seca foi muito positiva, talvez seja o efeito moral.

Radares controlados por empresas particulares

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G: - Esse é um problema do qual já se falou na campanha passada. Acho que temos que fazer uma revisão. Não se pode ficar numa situação em que se sobrepõe interesses particulares aos interesses coletivos.

Horário da Diretran

G: - Não tinha essa informação, não posso falar sobre isso. Temos que ter turnos alternativos nos horários de maior movimento (após as 17 horas).

Tom da campanha

G: - Não vou mudar o tom da campanha. Vou fazer críticas, mas sem agressões. Isso tem a ver com o meu jeito de fazer política.

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Caso eleita, quais seriam suas primeiras ações?

G: - Minha prioridade seria a saúde e a universalização das vagas nas creches. Depois o transporte coletivo e a juventude. Precisamos também construir uma cidade com uma concepção econômica de investimento no conhecimento, ter um desenvolvimento tecnológico ousado.

Confiaria a educação de seus filhos a uma escola pública?

G: - Sim, só que, como posso pagar uma particular, prefiro deixar a vaga para quem realmente precisa.

Que mensagem deixaria para os eleitores?

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G: - O que posso deixar é a mensagem de que a esperança vença o medo. Curitiba pode ser referência não apenas em desenvolvimento urbano, mas em desenvolvimento humano. Na dúvida, peço ao eleitor que vote pelo segundo turno.