Tem gente que diz que, no Brasil, o ano só começa depois do carnaval. Na política essa frase tem seu fundo de verdade.
E, se o auge do verão é o carnaval, a coisa deve ficar quente em Brasília durante a Quaresma, quando o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff deve começar a ganhar forma. Para março, estão previstos protestos de rua que podem dar um indicativo do grau de apoio da população à cassação de Dilma.
Já nos municípios, é no 2.º semestre que a folia ganha força, com as eleições. Além desses eventos previsíveis, há que se considerar também os eventos fora de época. Antes mesmo do ano “começar”, a 22ª fase da Operação Lava Jato colocou o ex-presidente Lula entre os alvos da investigação. No Paraná, a Operação Quadro Negro atinge aliados próximos e a própria campanha do governador Beto Richa.
A Gazeta do Povo fez um apanhado dos principais personagens e “blocos” que devem agitar a vida política no Brasil em 2016. Veja abaixo quem são:
Bloco Balança Mas Não Cai
Em 2015, nada deu muito certo para Dilma. A maioria da população não gostou do desfile, os aliados não conseguiram segurar o ritmo, a oposição sambou a cada pedalada da bateria e até mesmo os jurados das agências internacionais resolveram baixar a nota do país. O ano terminou com um pedido de impeachment e agora a luta não é mais para ganhar o carnaval, mas para evitar o rebaixamento. Se quiser seguir na Presidência, ela vai ter que reaprender a sambar o ritmo de Brasília.
Desunidos do Tucanistão
Com o preço da serpentina subindo 10% ao ano, petistas e aliados pegos com a mão na cumbuca pela Lava Jato e a população vaiando o desfile do governo, fica mais fácil ser do bloco da oposição. Mas nem tudo é festa no lado tucano da avenida. Todo mundo quer puxar o seu próprio samba – Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra, o já ex-tucano Alvaro Dias, para citar alguns. Sem conseguir falar a mesma língua, os tucanos atravessaram o samba inúmeras vezes em 2015. Eram contra o impeachment, viraram a favor. Não referendavam os protestos de rua, mas passaram a apoiar. Apoiaram Eduardo Cunha, e viram que era roubada com três meses de atraso. Além disso, a própria Lava Jato começa a respingar no governo FHC, enquanto outras operações espinhosas atingem o tucano Beto Richa no Paraná.
Bloco Prefeitura É Quase Amor
A única música que esse bloco não sabe tocar é aquela do Raul Seixas, “mamãe não quero ser prefeito, pode ser que eu seja eleito”. Nas principais cidades do Brasil, a expectativa é de um número alto de candidatos. Com os prefeitos, em geral, mais mal avaliados que churrasco na Sexta-Feira Santa, todo mundo acha que tem chance de levar.
A Turma do Deixa Disso
O vice-presidente Michel Temer até tentou fazer de sua correspondência pessoal um samba para o bloco de oposição, mas acabou saindo um sertanejo amargo demais, que não pegou bem nem para um lado, nem para o outro. Calejado de tantos carnavais, antes mesmo de o ano “começar”, já saiu pelo Brasil com outro discurso: unir e pacificar o país. Em março, o PMDB realiza sua convenção, e Temer busca ser reeleito para o comando do partido.
Bloco Tô Fugindo do Japonês
Assim como em 2015, o Rei Momo do carnaval de Brasília é Eduardo Cunha (PMDB). A diferença, porém, é que este ano Cunha já começa o ano contra a parede. É investigado no STF e no Conselho de Ética. Para completar, o MP quer afastá-lo da presidência da Câmara. Ele não está sozinho, porém, no blocão de deputados e senadores que são alvo de investigação da Polícia Federal. Entre os nomes estão Renan Calheiros, Fernando Collor, Gleisi Hoffmann, Edison Lobão...
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