Abatido pelo escândalo que pode levar à cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o Legislativo brasileiro recebeu mais um duro golpe na sua imagem. Relatório divulgado pela ONG Transparência Brasil mostra que, numa comparação com outros 11 países das Américas e da Europa, o Congresso Nacional é o que mais pesa no bolso da população.

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De acordo com o estudo, as despesas com a Câmara e o Senado correspondem a 0,18% do Produto Interno Bruto per capita (PIBpc) brasileiro — índice que divide a soma das riquezas produzidas no país pelo seu número de habitantes. Em segundo lugar vem a Itália, com uma relação de 0,11%. A conta brasileira é três vezes superior à da França, seis vezes à da Argentina e nove vezes à da Espanha.

— Será que o nosso Congresso é nove vezes melhor do que o espanhol? — provoca o diretor-executivo da Transparência, Cláudio Weber Abramo, que define como "escorchantes" os gastos da Câmara e do Senado.

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Foram comparadas as despesas de seis países europeus (Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Espanha e Portugal) e seis americanos (Estados Unidos, Canadá, México, Brasil, Argentina e Chile). Se gastasse o mesmo que a média européia, o Brasil seria capaz de manter 2.556 parlamentares — mais que o quádruplo dos 594 congressistas atuais.

Em valores absolutos convertidos para reais, o custo por parlamentar brasileiro só perde para o registrado nos EUA. O país gasta anualmente R$ 10,2 milhões por congressista — mais de oito vezes a despesa dos vizinhos argentinos, que destinam R$ 1,3 milhão para cada representante eleito.

Aprovado pelos próprios parlamentares, o orçamento do Congresso prevê gastos superiores a R$ 6 bilhões de janeiro a dezembro deste ano. O valor corresponde a mais de R$ 11 mil por minuto, incluindo despesas com subsídios parlamentares, verbas indenizatórias, manutenção de equipamentos, pagamentos a funcionários e instalações físicas.