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Brasília (AG) – O empresário Sebastião Buani, pivô da crise que pode derrubar o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), faz parte de uma família que domina os principais pontos de alimentação do Congresso. Entre restaurantes e lanchonetes, os Buani controlam seis estabelecimentos — quatro na Câmara e dois no Senado. Os irmãos Sebastião e José Roberto Buani têm as contas dos restaurantes do Ibama, do Ministério da Fazenda e da Controladoria Geral da União (CGU). José Roberto administra os pontos explorados por uma empresa registrada em nome de sua filha Viviani Amaral Buani.

Numa estranha concorrência entre parentes, a família Buani chega a disputar com preços diferentes as mesmas licitações. Os dois se defrontaram em várias concorrências em 2004. Como um concorrente não pode vencer duas licitações, cada um ficou com um dos quatro contratos. Sebastião ganhou o restaurante do 10.º andar, no Anexo IV. José Roberto venceu o lote para explorar três lanchonetes.

Este é um exemplo do negócio milionário de prestadores de serviço no Legislativo. Nesse setor, os pontos de alimentação são os únicos que não geram despesas aos cofres públicos. O Congresso não paga pelos serviços e recebe um aluguel pela exploração do ponto. Mas os demais prestadores de serviços, que variam de seguranças a faxineiros e de motoristas a serviços de informática, geram uma conta que passa dos R$ 100 milhões na Câmara e no Senado.

Somente na Câmara, estão em vigência pelo menos 14 contratos de prestadoras de serviços, que totalizam R$ 55,6 milhões. Os de valores mais altos envolvem serviços de informática (R$ 18,6 milhões); serviços de copa, cozinha, limpeza e conservação (R$ 8,3 milhões); o de mão-de-obra para executar serviços de instalações hidráulica e elétrica (R$ 6,1 milhões); e o destinado à execução de trabalhos na TV Câmara (R$ 5,8 milhões). No Senado, são 15 contratos de prestação de serviço, como limpeza, serviços gerais, manutenção de veículos, telefonia e jardinagem, entre outros, que totalizam R$ 4 milhões mensais de gastos da Casa.

Até 2004, Sebastião Buani detinha o contrato de todos os restaurantes e lanchonetes da Câmara. A decisão de quebrar esse monopólio reduziu o custo da alimentação e melhorou sua qualidade. Os editais passaram a ser mais rigorosos e a exigir, por exemplo, cumprimento de um cardápio mínimo, com variedade e qualidade nos alimentos oferecidos, e preços baixos, além de serem submetidos a pesquisas periódicas para verificar a satisfação dos usuários.

Na Câmara, a menina dos olhos dos empresários é o lote que inclui o restaurante e a lanchonete do Anexo III, de maior movimento. Sebastião Buani chegou a vencer a licitação, mas apresentou um preço tão baixo (R$ 6,50 o quilo da refeição) que foi considerado inexeqüível. A empresa Hibisco Self Service, que havia ficado em segundo lugar, foi a vencedora, com o preço de R$ 8,75 o quilo.

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