Com o objetivo de desgastar o PSDB em ano eleitoral, senadores governistas vão instalar até a semana que vem no Congresso a CPI do cartel do metrô de São Paulo. A estratégia do PT será realizar uma investigação rápida, aproveitando a presença dos deputados e senadores em Brasília, antes do recesso parlamentar de julho.
Senadores petistas vão tentar instalar a CPI nesta quarta-feira (4). Se não houver tempo, porque o prazo para as indicações dos membros termina amanhã (3), a data máxima para que a comissão de inquérito inicie os seus trabalhos será dia 10 de junho. Se a oposição não indicar os membros, caberá ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), escolhê-los por conta própria.
Líder do PT, o senador Humberto Costa (PE) disse nesta segunda-feira (2) que as investigações devem durar cerca de um mês. "Vai ser um trabalho mais econômico que o do da CPI da Petrobras. Já há investigações feitas, bastante profundas, precisamos explicar melhor quem são os agentes públicos envolvidos em atos de corrupção", afirmou.
Costa admitiu que, com a Copa do Mundo, o Congresso vai estar "esvaziado" em junho. Mas disse que, como a oposição insistiu em investigar a Petrobras, o governo também deseja apurar outras denúncias de irregularidades. "Como estamos na investigação, que investiguemos tudo."
O líder do PT afirmou que, com jogo ou sem jogo da Copa do Mundo, os governistas estarão a postos para conduzir as investigações da nova CPI e da comissão de inquérito da Petrobras para evitar que um "cochilo" permita à oposição aprovar convocações ou medidas que desagradem o Palácio do Planalto.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que o PSDB vai indicar os membros para a CPI do Cartel do metrô e participar das investigações. Mas considera que a disposição do governo em acelerar os trabalhos da comissão de inquérito mostra que ela será "chapa branca".
"Sabe-se que há um trabalho do governo para a sua instalação. O PSDB não vai se recusar, não vai se furtar a participar. Mas é evidente que não se investigará recursos repassados pelo governo federal a vários metrôs do país. Esse anúncio do governo já pressupõe uma CPI chapa branca", afirmou.
Petrobras
Os governistas não estão dispostos a encerrar os trabalhos da CPI da Petrobras do Senado, que sofre boicote da oposição e tem apenas entre os seus integrantes aliados da presidente Dilma Rousseff. A CPI mista, com deputados e senadores, tem a presença da oposição, mas DEM, PSDB e PPS têm apenas oito das 32 cadeiras.
Costa disse que, mesmo com o funcionamento de duas CPIs da Petrobras, a governista deve ser mantida em obediência à decisão do Supremo Tribunal Federal. "Se a oposição quer que se encerrem os trabalhos, que recorra a STF", disse.
Dias afirmou que o recurso está "fora de cogitação" e a manutenção de duas CPIs é um "absurdo" e trabalha contra a "eficiência" do Congresso. "O nosso desejo é que ocorra a fusão, que concentremos os trabalhos da CPI mista. Não há desejo que se investigue nada da parte do governo."
A oposição considera fundamental a convocação de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da área de abastecimento da Petrobras - que foi preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal. O governo não descarta convocar o ex-diretor, mas insiste que o foco da CPI não será o de investigar fatos que não tenham relação direta com a estatal. "O primeiro caminho é solicitar material de investigações já realizadas. Cada tema para quebras de sigilo terá que ser muito bem fundamentado", afirmou Costa.
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