O Congresso instalou nesta quarta-feira (28) a CPI mista da Petrobras (com deputados e senadores) que vai investigar denúncias de irregularidades na estatal. Ao contrário da CPI da Petrobras do Senado, que sofre boicote da oposição, a comissão mista de inquérito tem apoio de congressistas do DEM e PSDB - que compareceram em peso à primeira sessão.
Pré-candidato do PSDB à Presidência da República, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu temporariamente a liderança do partido no Senado para poder participar da instalação da CPI e eleger o seu comando. A oposição tentou eleger senadores "independentes" para o comando da CPI, mas aliados da presidente Dilma Rousseff conseguiram emplacar o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) como presidente da comissão por 19 votos a 10. O senador Gim Argello (PTB-DF) foi eleito vice-presidente da CPI com 18 votos contra 11.
Vital já é presidente da CPI do Senado da Petrobras, composta integralmente por governistas. O peemedebista, que é fiel aliado do Palácio do Planalto, vai acumular as presidências das duas comissões de inquérito. O deputado Marco Maia (PT-RS), ex-presidente da Câmara, foi designado relator da CPI mista. Maia também mantém postura alinhada com o Palácio do Planalto e foi relator da CPI do Apagão Aéreo, em 2007.
A oposição lançou a chapa dos deputados Enio Bacci (PDT-RS) e Fernando Francischini (PSDB-PR) para a presidência e vice-presidência da CPI, mas as indicações foram rejeitadas pela maioria governista. "É um protesto contra essa dominação que quer estabelecer o governo nessa comissão", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Ao contrário do que afirmam congressistas do PSDB e DEM, os aliados de Dilma sustentam que não é tradição do Congresso dividir o comando de CPIs com a oposição. "Não é verdade aqueles que dizem que é tradição da Casa dividir trabalhos", disse a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).Dos 32 membros titulares da comissão, apenas dez são de partidos oposicionistas - embora três deputados do PMDB sejam considerados de postura mais "independente", como o líder Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Membro mais idoso da CPI, o senador João Alberto (PMDB-MA) presidiu a primeira sessão da comissão de inquérito. Com a escolha do presidente, a CPI pode começar os trabalhos de investigação da estatal.
Investigações
Mesmo com maioria governista, a oposição aposta nas dissidências para tentar convocar os principais personagens envolvidos nas denúncias contra a estatal. Aécio apresentou um "plano de trabalho" à comissão.
O PSDB defende as convocações do ex-diretor de abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, do doleiro Alberto Youssef, pivô da operação Lava Jato que investiga lavagem de dinheiro, e do ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Os oposicionistas também querem a quebra de sigilo bancário, telefônico e fiscal dos três, assim como do ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli e das empresas que têm relação com a Labogen - empresa de Yousseff, alvo de investigação da Lava Jato.
A oposição ainda defende que sejam enviados à CPI os autos do processo da Operação Lava Jato, assim como a criação de sub-relatorias na CPI para investigar temas específicos ligados à estatal.
A CPI vai investigar quatro temas que têm ligação com a Petrobras: a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, a construção da refinaria de Abreu e Lima em Pernambuco, a relação da estatal com a empresa belga SBM Offshore e o uso de plataformas inadequadas em alto mar.
Líder do DEM, o deputado Mendonça Filho (PE) defendeu a suspensão do recesso parlamentar de julho para que a CPI não interrompa seu funcionamento. Para neutralizar o foco na CPI mista, aliados da presidente Dilma Rousseff vão instalar na semana que vem outra comissão de inquérito para investigar o cartel do metrô de São Paulo.
A estratégia é atrair as atenções para a comissão do cartel, que tem como foco a gestão do PSDB no Estado -principal adversário do PT na disputa pela Presidência da República.
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Após críticas, Randolfe retira projeto para barrar avanço da direita no Senado em 2026
Novo decreto de armas de Lula terá poucas mudanças e frustra setor
Câmara vai votar “pacote” de projetos na área da segurança pública; saiba quais são