Atualizado em 17/05/2006 às 19h29
A bancada de parlamentares suspeitos de envolvimento com a máfia dos sanguessugas - organização criminosa responsável por um esquema de fraudes com emendas parlamentares para compra de ambulâncias superfaturadas - pode ser muito maior do que se sabia até agora. Segundo Eduardo Mahon, advogado da ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, sua cliente diz que havia relacionamento de integrantes da organização com 283 parlamentares.
Ainda de acordo com ele, Darci Vedoin e Luiz Antônio Vedoin, donos da Planam, empresa acusada de ser a maior beneficiada pelo esquema de fraudes em emendas, faziam contatos com 283 parlamentares em busca de liberação de emendas para financiamento de projetos de interesse do grupo.
Para o advogado, isso não significa que todos os parlamentares procurados tenham aceito propina para atender aos pleitos do grupo.
Segundo reportagem do jornal "O Globo publicada nesta quarta-feira, a análise do livro-caixa da máfia, que mostra a movimentação diária dos pagamentos de propina da organização, também deverá fazer crescer o número de deputados sob suspeita de prestar serviços para os sanguessugas. O livro, que registra pagamentos de R$ 5 mil a R$ 50 mil, foi entregue terça-feira à comissão da Câmara pelo delegado Tardelli Boaventura, coordenador da operação Sanguessuga, da Polícia Federal.
Maria da Penha Lino - citada como uma das peças-chave da máfia - confirmou em depoimento à comissão de sindicância da Corregedoria da Câmarao pagamento de propina a parlamentares em troca do direcionamento de emendas do Orçamento da União.
- Essa mulher é bombástica - afirmou o deputado Odair Cunha (PT-MG), um dos integrantes da comissão de sindicância, que não quis dar detalhes do interrogatório.
Depois de ser presa, Maria da Penha resolveu contar tudo o que sabia da organização em troca do benefício da delação premiada e denunciou que 170 parlamentares participariam do esquema.
Ao sair do depoimento desta quarta-feira, a ex-assessora responsabilizou o delegado da PF Tardelli Boaventura pela divulgação do conteúdo do depoimento dado à PF de Cuiabá.
- Hoje, o que acontecer comigo é responsabilidade da Justiça - disse ela, acrescentando que a imprensa publicou informações que não foram ditas por ela.
Maria da Penha listou à PF nomes de deputados supostamente ligados às denúncias.
Antes do depoimento dela, a comissão de sindicância interrogou Darci José Vedoin,da Planam. Perguntado sobre o pagamento de propina a parlamentares, Vedoin transferiu a responsabilidade para o filho, Luiz Antônio Vedoin. Segundo ele, era o filho quem cuidava das empresas da família. O depoimento dele durou cerca de uma hora. Ele saiu algemado e não falou com a imprensa.
A comissão de sindicância é presidida pelo corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI, e o relator do caso é o deputado Robson Tuma (PFL-SP).
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