Confira as novas regras para passagens aéreas definidas pela Câmara e pelo Senado:
Como é hoje
Congressistas recebem por mês verba para comprar passagens entre Brasília e seus estados.
As mudanças
Câmara
Redução em 20% valor da cota de passagem de deputados.
Limitação do uso para o deputado, seu cônjuge, filhos e assessor parlamentar (no exercício de função).
Senado
Redução de 25% na cota de passagens.
Limitação do uso para o senador, seu cônjuge, filhos e assessor parlamentar (no exercício de função).
Fim da passagem extra dos líderes partidários e membros da Mesa.
Disponibilização dos gastos na internet para consulta.
Liberação do crédito para passagens e da verba indenizatória para o aluguel de jatinhos no estado de origem do senador. O fretamento só poderá ocorrer se for comprovado que não há voo regular das companhias aéreas para o destino.
GASTOS ATUAIS
Câmara
R$ 4,7 mil a R$ 18,7 mil por deputado, dependendo do estado do parlamentar.
Senado
- R$ 13 mil a R$ 25 mil por senador, dependendo do estado do parlamentar.
ESCÂNDALOS RECENTES
Senadora Roseana Sarney (PMDB-AL) usou a cota para custear viagens de parentes, amigos e empresários.
Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) utilizou verbas do Senado de passagens aéreas, quase R$ 500 mil em quatro anos, para fretar um jatinho.
Deputado Fábio Faria (PMN-RN) pagou viagens para a ex-namorada Adriane Galisteu e outros artistas.
Fonte: da Redação, com Folhapress.
Em meio às revelações do descontrole no uso das passagens aéreas a que congressistas têm direito, a Câmara dos Deputados e o Senado resolveram anunciar ontem medidas supostamente moralizantes para o uso do benefício. Resultado: decidiram cortes no valor da cota, mas legalizaram a doação de bilhetes para parentes, assessores e correligionários dos deputados e senadores. O Senado ainda liberou o uso da cota de passagem aérea para fretamento de jatinhos e barcos.
As medidas abrem brecha ainda para a continuidade de viagens a passeio e não proíbem a emissão de passagens para o exterior. As novas regras sacramentam, ainda, a prática de "poupar", que é a possibilidade do parlamentar acumular créditos para usar em viagens para onde e quando quiser.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), prometeu reduzir em 20% o valor da cota de passagem aérea destinada aos deputados hoje em torno de R$ 80 milhões anuais (ou um valor mensal de R$ 4,7 mil a R$ 18,7 mil dependendo do estado de origem do deputado). O cálculo do benefício atualmente é feito com base na maior tarifa para os estados cobrada pelas companhias aéreas. Isso possibilita aos deputados, com uma passagem, comprar outras a preços promocionais.
Já o Senado anunciou a redução de 25% no valor total disponibilizado pela Casa para todos os senadores viajarem. O corte do montante destinado à cota passará dos atuais R$ 1,3 milhão mensais para R$ 975 mil (a economia anual deve ser de cerca de R$ 3,8 milhões). O valor do benefício de cada senador continuará sendo diferente de acordo com o estado de origem do parlamentar atualmente, a cota varia de R$ 13 mil a R$ 25 mil por senador.
O Senado ainda extinguiu a cota extra de passagem para os integrantes e suplentes da Mesa Diretora e líderes partidários. Eles perderam o direito a mais duas passagens por mês (a Câmara manteve esse benefício). Os senadores também perderam duas passagens para o Rio de Janeiro um benefício que existia pelo fato de a cidade ter sido capital. Mas a mudança acabou sendo cosmética, pois a cota continua de cinco bilhetes por mês (ou seja, as viagens ao Rio foram substituídas por duas para os estados de origem do senador).
No Senado, assim como na Câmara, o valor da cota de passagens atualmente também tem como referência a tarifa cheia das companhias aéreas o que significa que os senadores, se conseguirem tarifas promocionais, podem fazer mais viagens custeadas com verba pública.
Apagando o passado
Nenhuma das medidas anunciadas pelo Senado e pela Câmara é retroativa. Ou seja, os escândalos do uso da cota aérea que vieram à tona no último mês não serão enquadrados nas novas regras. Alguns inclusive estariam formalmente legalizados, como o fretamento de jatos com o dinheiro da cota pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O uso das passagens pela Mesa Diretora da Câmara para destinos turísticos (veja reportagem na página 15) também não seria contra as regras.
Outros casos, porém, afrontariam as novas regras. A senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), usou a cota para pagar viagens de familiares, amigos e empresários (os dois últimos estariam fora das novas normas). O deputado Fábio Faria (PMN-RN), que usou a cota para pagar viagens de artistas, também contrariaria as regras da Câmara se elas fossem retroativas. A Câmara limitou o uso da verba para o deputado, esposa, filhos e assessores parlamentares (no exercício de função).
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