Brasília (AE) Integrantes da CPI dos Correios e líderes dos partidos de oposição defendem o afastamento de Márcio Machado Caldeira, integrante do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. A CPI descobriu contatos telefônicos constantes de Caldeira com o empresário Marcos Valério e seus sócios, além do pagamento de pelo menos quatro passagens aéreas para o conselheiro.
Para o líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), o conselheiro "deve ser afastado imediatamente" da função. "Essa relação mostra que a participação dele no Conselho está comprometida. Ele não deve permanecer dentro de um conselho tão importante e precisa de afastar imediatamente", diz.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), titular da CPI dos Correios, afirma que a descoberta é mais uma prova da influência "danosa" do empresário no governo federal. "Valério cooptou uma rede de coadjuvantes no governo Lula para fazer seus negócios", critica. "Esse conselheiro deve ser afastado. Não tem mais condições de cuidar de qualquer interesse público."
O conselheiro admite que o celular que aparece nos dados dos sigilos telefônicos quebrados pela CPI é de fato dele, mas afirma que jamais falou com o empresário. Caldeira afirma ser amigo de José Roberto Melo, que prestaria "consultoria tributária" às empresas de Valério. "Ele pode ter usado um dos telefones do Marcos Valério para falar comigo", diz. Sobre as passagens, disse que viajava com Melo e que o amigo pagava os bilhetes. "Não sei de onde saía o dinheiro."