Brasília (AG) O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara abre hoje processo contra o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) e o líder do PL na Câmara, Sandro Mabel (PL-GO). É o que afirma o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar. Até agora, o único deputado envolvido no escândalo do mensalão que já enfrenta processo de cassação é Roberto Jefferson (PTB-RJ), impedido, portanto, de renunciar ao mandato para evitar a suspensão de seus direitos políticos.
"Já vai ser encaminhado à Mesa, na segunda-feira (hoje), o processo de Dirceu e Sandro Mabel", afirmou.
O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), disse que espera resolver todos os processos até o fim do ano.
"Não tenho razão nenhuma para proteger o José Dirceu, ele foi um dos maiores adversários que tive, foi quem mais me combateu para que eu não fosse presidente da Câmara", afirmou Cavalcanti.
A CPI dos Correios anunciou ainda que divulgará nos próximos dias um relatório parcial com os nomes de 18 deputados sobre os quais há provas ou indícios que podem levar à cassação por quebra de decoro. Falta ainda decidir quem será denunciado diretamente à Mesa Diretora e os que serão investigados na CPI do Mensalão.
"Em relação aos parlamentares que já não temos dúvidas do envolvimento, enviaremos para que seja aportado ao Conselho de Ética. Os que temos só indicios, enviaremos à CPI do Mensalão", disse o relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR).
A partir desta semana, a CPI dos Correios mobiliza mais de cem auditores de Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério da Fazenda, Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Secretaria de Previdência Complementar, do Ministério da Previdência. Eles vão se somar a meia centena de agentes da Receita Federal, da Polícia Federal, e do Ministério Público, já envolvidos em tempo integral nas investigações.
No alvo estão 12 bancos públicos e privados, 14 empresas estatais, 11 fundos de pensão mantidos por estatais, oito corretoras privadas, cinco ministérios, 19 empresas privadas e dois fundos públicos de investimento.
Mandatos por um fio
Roberto Jefferson O presidente do PTB é acusado de ter quebrado o decoro ao acusar seus colegas de receber mesada. Pode ser alvo de processo porque confessou ter recebido R$ 4 milhões do esquema.
José Dirceu Acusado por Jefferson de ser o articulador do esquema de pagamentos a deputados da base aliada.
João Paulo Cunha O ex-presidente da Câmara recebeu pelo menos R$ 50 mil do esquema de Valério.
Bispo Rodrigues Segundo a lista apresentada pelo empresário Marcos Valério Rodrigues, o parlamentar recebeu R$ 400 mil das contas do publicitário.
Valdemar da Costa Neto Recebeu, pelas contas de Valério, R$ 10 milhões.
José Mentor Relator da CPI do Banestado, recebeu pelo menos R$ 120 mil das contas de empresas de Valério.
Josias Gomes da Silva O deputado do PT baiano sacou R$ 100 mil da conta da SMP&B no Banco Rural.
Paulo Rocha Por intermédio de dois assessores, Anita Leocária e Charles dos Santos Dias retirou R$ 920 mil da conta de Valério.
José Janene Segundo Valério, o deputado aparece como destinatário de R$ 4,1 milhões do esquema. O dinheiro teria sido transportado por João Cláudio Genu, assessor de Janene.
Pedro Corrêa O presidente do PP foi apontado por João Cláudio Genu como um dos responsáveis pelos saques nas contas de Valério.
Pedro Henry Junto com o presidente do PP e com o líder do partido na Câmara, autorizou os saques que o assessor João Cláudio Genu fez nas contas de Valério.
Roberto Brant O deputado do PFL mineiro teve um de seus assessores entre os sacadores de recursos das contas de Valério.
João Magno Pela lista de Valério, recebeu R$ 350 mil do esquema.
Romeu Queiroz Pela lista de Valério, recebeu R$ 350 mil do esquema.
Vadão Gomes A lista do empresário revelou que o deputado recebeu R$ 3,7 milhões das contas das agências de publicidade.
Professor Luizinho O deputado, segundo Valério, levou R$ 20 mil do esquema.
Vanderval Santos Um assessor do deputado aparece entre os sacadores de R$ 100 mil das contas de Valério.
José Borba O nome do deputado está na lista entregue por Valério ao Ministério Público. Teria recebido R$ 2,1 milhões.
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