Brasília (Folhapress) O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou ontem por unanimidade o arquivamento da acusação contra o líder do PL, Sandro Mabel (GO), o primeiro dos 19 parlamentares acusados de envolvimento com o escândalo do mensalão a ter um parecer pela absolvição.
Por 14 votos a 0, os integrantes do Conselho, que reúnem deputados que vão do PFL ao PSOL, se ampararam na justificativa de que não há provas materiais contra Mabel, o mesmo argumento que vem sendo utilizado constantemente por José Dirceu (PT-SP), mas, nesse caso, sem sucesso.
"Foram 150 dias de aflição. Não desejo isso para ninguém. É um martírio", disse Mabel, que chorou bastante durante a sessão.
O parecer que livra Mabel, do deputado Benedito de Lira (PP-AL), vai agora ao plenário da Câmara, onde, teoricamente, pode ser derrubado. Mas a chance de isso ocorrer é pequena.
Mabel integrou a primeira leva de processados no Conselho. A ação contra ele foi protocolada no início de agosto pelo PTB, sob orientação do ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), o único cassado até agora devido ao escândalo. Outros quatro renunciaram aos mandatos para escapar da possível perda dos direitos políticos.
Acusações
Em linhas gerais, Mabel foi acusado de participar do esquema de financiamento ilegal montado pelo PT, em parceria com o publicitário mineiro Marcos Valério, para irrigar financeiramente o PL e o PP. Havia ainda uma acusação específica: ele teria tentado "comprar" o passe da deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) por R$ 1 milhão de "luvas" e R$ 30 mil mensais.
Nada disso foi comprovado, de acordo com o relatório de Lira. "Inexistem provas das acusações dirigidas ao deputado federal Sandro Mabel, relativas ao auferimento de vantagens propiciadas pelo senhor Marcos Valério Fernandes de Souza, bem como da cooptação ilícita da deputada Raquel Teixeira, a fim de esta ingressar no PL", afirmou Lira.
Desde o início do processo, a acusação contra Mabel era considerada frágil pelo conselho, apesar de ela ser uma das mais próximas da essência do "mensalão" denunciado por Jefferson, em junho. Diferentemente da maioria dos outros processos, não havia documento que o ligasse ao esquema de Valério.
Já a acusação da deputada a princípio foi corroborada pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), mas depois houve um recuo dele. Perillo acabou admitindo que teve conhecimento da suposta proposta apenas pelo relato da deputada.
Mabel (GO) afirmou, após a sessão, que vai se preparar agora para uma nova batalha, "desta vez no plenário". "Saindo daqui agora, eu vou rezar e agradecer a Deus, porque a justiça foi feita", disse o deputado goiano.
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