O Conselho de Ética da Câmara instaurou na manhã desta quinta-feira (15) os processos por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA). Ele é acusado de envolvimento com o doleiro preso Alberto Youssef, pivô de uma operação da Polícia Federal que desmontou um esquema milionário de lavagem de dinheiro.
O deputado responde a dois processos no colegiado sob a mesma acusação. Um deles é fruto de uma representação apresentada pelo PSOL, que, de acordo com as regras da Casa, necessita de um parecer preliminar para analisar a admissibilidade da representação.
O outro processo foi enviado ao conselho nesta quarta (14) pela Mesa Diretora da Casa. Ele é oriundo de uma representação feita pelo deputado Rubens Bueno (PPS-PR) à Corregedoria. O corregedor, Átila Lins (PSD-AM), apresentou um parecer pedindo a continuidade das investigações por considerar que houve quebra de decoro parlamentar por parte de Argôlo. A Mesa Diretora da Câmara se reuniu e decidiu enviar o processo para o Conselho de Ética.
Os dois processos tramitarão juntos no conselho. O presidente do colegiado, Ricardo Izar (PSD-SP), irá pedir ao presidente da Casa, Henrique Edaurdo Alves (PMDB-RN), autorização para unir as duas investigações.
Nesta quinta, Izar sorteou a lista tríplice dos deputados que poderão analisar a admissibilidade da representação apresentada pelo Psol. Nesta primeira fase, o relator apenas indica se há elementos suficientes na denúncia para prosseguir com a investigação. Foram sorteados os deputados Izalci (PSDB-DF), César Colnago (PSDB-ES) e Marcos Rogério (PDT-RO). Izar prometeu escolher um nome até esta sexta (16).
A outra investigação aberta contra Argôlo, oriunda da representação da Mesa Diretora, não precisa desta fase preliminar por já ter tido um parecer da corregedoria. Por isso, o conselho tentará notificar Argôlo, por cinco vezes. Depois de informado sobre o processo, ele terá dez dias úteis para apresentar a sua defesa.
O conselho terá 90 dias para concluir as investigações e apresentar um relatório que poderá pedir a cassação do mandato de Argôlo. O Conselho de Ética já iniciou as investigações contra o deputado André Vargas (sem partido-PR) também por envolvimento com Youssef.
Afastado desde o mês passado, Vargas retomou o seu mandato na Câmara ontem para poder se defender no processo. Ele tem até 28 de maio para apresentar sua defesa. Ele viajou com a família em um jatinho emprestado pelo doleiro e é acusado de ter usado sua influência política para facilitar negócios de Youssef.
Na semana passada, a Folha de S.Paulo revelou que relatório da Polícia Federal interceptou mensagens de texto indicando que o Argôlo pediu dinheiro ao doleiro para pagar gado em seu Estado, na Bahia. O deputado também pagou com cota parlamentar da Câmara dos Deputados uma empresa para qual ele pede um depósito de R$ 50 mil ao doleiro, informação revelada por uma gravação feita pela Polícia Federal.
No mês passado, a revista "Veja" publicou que Argôlo pedira R$ 120 mil para Youssef, que transferiu para o chefe de gabinete do deputado. Segundo a revista, Argôlo nega que o ''LA'' do relatório policial seja ele.
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