O deputado André Vargas (sem partido-PR) tem até esta quarta-feira (28) para apresentar sua defesa por quebra de decoro parlamentar ao Conselho de Ética da Câmara, que pode ser feita por escrito. Vargas foi flagrado em diálogos com o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que desmontou um esquema milionário de lavagem de dinheiro.

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Caso não apresente sua defesa, Vargas conseguirá mais tempo no processo, já que o conselho terá que designar um defensor substituto que terá dez dias para apresentar uma defesa do parlamentar. Para agilizar o trâmite, o presidente do colegiado, deputado Ricardo Izar (PSD-SP), questionou o deputado Eurico Júnior (PV-RJ) para fazer esta defesa. Ele não é membro do Conselho de Ética mas já aceitou a incumbência caso Vargas se omita de apresentar seus argumentos nesta quarta.

Afastado desde o mês passado, Vargas retomou o seu mandato na Câmara no início de maio para poder se defender no processo. Segundo o relator do processo contra o deputado, Júlio Delgado (PSB-MG), nenhuma comunicação foi apresentada até esta publicação.

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No dia 23 de maio, o PT entrou com uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo a perda do mandato de Vargas por infidelidade partidária. O autor do pedido é o advogado do PT, Marcio Silva. Os motivos sustentados pelo partido são quebra das diretrizes partidárias e abandono da legenda pelo deputado. O fundamento do pedido é baseado na resolução 22610/2007, que trata de infidelidade partidária. "A resolução lista hipóteses de justa causa e não foi nenhuma delas que ele arguiu para sair do partido", disse Silva.

Caso

Vargas é acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, pivô de um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado ilegalmente R$ 10 bilhões. O parlamentar também viajou com a família em um jatinho emprestado pelo doleiro e é acusado de ter usado sua influência política para facilitar negócios de Youssef.

Foi o doleiro Youssef quem conseguiu financiamento de R$ 31 milhões do Ministério da Saúde para o laboratório Labogen por meio de "contatos políticos", segundo depoimento à Polícia Federal de um dos sócios da empresa, Leonardo Meirelles. Segundo interceptações de mensagens feitas pelas PF, um dos contatos políticos de Youssef é Vargas. Em uma das mensagens, reveladas pela Folha, Youssef e Vargas falam sobre a Labogen, segundo relatórios da Operação Lava Jato.

Em março, a Folha revelou que Vargas viajou com a família em um jatinho emprestado por Youssef. Durante a crise, Vargas renunciou ao cargo na vice-presidência da Casa e logo depois pediu desfiliação do PT.

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