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Protesto na Câmara contra a permanência de Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias | Antônio Cruz/ABr
Protesto na Câmara contra a permanência de Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias| Foto: Antônio Cruz/ABr

Vídeo

Pastor classifica mortes de Lennon e Mamonas como revanche de Deus

Folhapress

Em um vídeo divulgado pela internet de um culto evangélico, o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) diz que a morte de John Lennon, ex-integrante dos Beatles, e a dos membros da banda Mamonas Assassinas foi por revanche de Deus. Segundo o deputado, Lennon afrontou a Deus ao afirmar que a banda era mais popular que Jesus Cristo.

"A minha bíblia diz que Deus não recebe uma afronta e fica impune. Passou um tempo dessas declarações, alguém chama (John John) pelo nome, ele vira e é alvejado com três tiros no peito. Eu queria estar lá no dia em que descobriram o corpo, eu ia tirar o pano de cima e ia dizer me perdoe, mas esse primeiro tiro foi em nome do Pai, esse é em nome do Filho e esse é em nome do Espírito Santo. Ninguém afronta Deus e sobrevive para debochar", afirmou o deputado no culto.

Em dezembro de 1980, quando voltava para o apartamento onde morava em Nova Iorque, Lennon foi abordado por um rapaz que disparou cinco tiros contra ele, dos quais quatro o acertaram.

A reportagem não localizou a assessoria do deputado para comentar o vídeo. Não há data de quando as imagens foram feitas.

Sobre o grupo paulista Mamonas Assassinas, Feliciano afirmou que um anjo levou o avião contra a serra.

"O avião (da banda Mamonas Assassinas) estava no céu, região do ministro do juízo de Deus, lá na serra da Cantareira. Ao invés de virar para um lado, o manche tocou para o outro. O anjo pôs o dedo no manche, e Deus fulminou aqueles que tentaram colocar palavras torpes na boca das nossas crianças."

"Quando você estimula as pessoas a liberarem os seus instintos e conviverem com pessoas do mesmo sexo, você destrói a família, cria-se uma sociedade onde só tem homossexuais, você vê que essa sociedade tende a desaparecer porque ela não gera filhos."

"Pela primeira vez na história deste Brasil um pastor cheio de espírito santo conquistou espaço que até ontem era dominado por Satanás."

"O caso do continente africano é sui generis: quase todas as seitas satânicas, de vodu, são oriundas de lá. Essas doenças, como a aids, são todas provenientes da África."

"A podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição."

  • Capa de disco dos Mamonas, mortos em acidente
  • John Lennon foi assassinado por fã em frente de sua casa

O Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial publicou ontem no Diário Oficial da União moção de repúdio contra a indicação do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

O Conselho é vinculado à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República. O Conselho afirma que a indicação contraria os propósitos da própria comissão e os princípios básicos dos Direitos Humanos.

Há mais de um mês Fe­­liciano é alvo de protestos de movimentos sociais que o acusam de racismo e homofobia e pedem sua saída do posto.

"A comissão entende como inaceitável a permanência do deputado na Presidência da Comissão dos Direitos Humanos, visto que afronta os princípios de liberdade, respeito e dignidade da pessoa humana, que devem ser assegurados independentemente do pertencimento racial e da orientação sexual", diz a moção.

Ministra

A ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos, reforçou a pressão contra Feliciano. Ela disse ontem que as falas do deputado pastor incitam o ódio e a violência. A ministra também cobrou do comando da Câmara e do Ministério Público Federal uma ação contra o deputado.

Segundo Maria do Rosário, o país tem como grande conquista dos direitos humanos e da democracia a convivência entre os diferentes.

Para a ministra, o fato de ser uma autoridade não blinda Feliciano. "A Câmara certamente encontrará uma solução ou o próprio Ministério Público porque incitar a violência e o ódio é atitude ilegal, inconstitucional e as autoridades também estão sujeitas às autoridades da lei".

DefesaDeputado do Paraná afirma que colega sofre preconceito

O pastor e deputado Hidekazu Takayama (PSC-PR) afirmou ontem que a pressão pela saída do presidente da Comissão de Direitos Humanos, pastor Marco Feliciano (PSC-SP), demonstra preconceito contra religiosos.

A declaração foi feita durante uma sessão, no plenário da Câmara, em homenagem à Igreja Assembleia de Deus.

Takayama também mandou um recado para o comando da Câmara e os líderes partidários que se reúnem hoje com Feliciano para discutir a sua situação na presidência.

"Se deixar prevalecer meia dúzia de ativistas porque não têm visão igual a nossa, podemos colocar dois, três, quatro milhões de cristãos na porta dessa Casa", disse. Em outro recado aos colegas, o Takayama afirmou que as manifestações contra Feliciano abrem precedentes perigosos na Câmara. "Isso também pode ocorrer amanhã em setor que não seja cristão e vocês terão dificuldade de colocar seus representantes."

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