Brasília (Folhapress) – O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instalou ontem o processo contra o deputado José Dirceu (PT-SP) e mais três deputados. A partir de agora, uma renúncia de Dirceu não sustará o processo de cassação contra ele e que pode torná-lo inelegível até 2015.

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Apesar disso, o ex-ministro teve ontem uma boa notícia. O relator de seu processo é um aliado fiel do Planalto: o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), ligado ao ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes.

Também foram abertos três outros processos de cassação ontem, contra o líder do PL na Câmara, Sandro Mabel (GO), e os deputados do PTB Romeu Queiroz e Francisco Gonçalves (MG).

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Eles vêm se juntar a cinco processos de cassação já existentes no Conselho, contra os deputados petebistas Alex Canziani (PR), Joaquim Francisco (PE), Neuton Lima (SP), Sandro Matos (RJ) e Roberto Jefferson (RJ) – este último, autor das denúncias de "mensalão".

Todos têm 90 dias para serem encerrados, mas na prática apenas Dirceu, Mabel, Jefferson e Queiroz correm risco real de serem cassados.

Os outros são considerados pelo Conselho casos mais brandos, devendo ser arquivados dentro de duas semanas. Referem-se, em sua maioria, a ex-candidatos a prefeito pelo PTB no ano que passado que poderiam ter utilizado recursos de caixa 2. Já Gonçalves é responsabilizado por ter denunciado, sem apresentar provas, uma mala cheia de dinheiro dentro do plenário da Câmara.

"Fui procurar pessoas com conhecimento das matérias para serem relatores e que não sejam adversários políticos dos denunciados", afirmou Izar.

O caso de Mabel, acusado de oferecer R$ 1 milhão a uma deputada para entrar no PL, será relatado por Benedito de Lira (PP-AL). O de Queiroz, que sacou R$ 350 mil do Banco Rural, por Josias Quintal (PMDB-RJ).

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Mas o foco principal deve mesmo recair sobre o processo contra Dirceu. Delgado prometeu isenção, apesar da proximidade com o governo.

"Aqui no Conselho os membros não têm coloração partidária. Quem conhece um pouco a minha vida sabe disso", afirmou Delgado.

Advogado criminalista, ele está no segundo mandato. Passou por PMDB, pulou para o PPS e há um mês migrou para o PSB, acompanhando a transferência de Ciro. O PPS questiona a permanência de Delgado no Conselho, dizendo que a vaga lhe pertence.

Segundo o relator, seu maior "desafio" será encontrar provas que liguem materialmente Dirceu ao escândalo. "É muito difícil de provar, é palavra contra palavra. Até agora não há uma prova contundente contra ele (Dirceu), não tem um fato específico como no caso de deputados que sacaram do Rural".