Duas das três empresas paranaenses citadas pelo programa Fantástico – Consilux e Perkons – emitiram ontem notas oficiais à imprensa em que se eximem da responsabilidade sobre a acusação de manipulação de licitações, pagamento de propina a autoridades públicas e adulteração de multas – suspeitas levantadas devido a declarações de funcionários mostrados no programa. A Dataprom, procurada pela Gazeta do Povo, não se pronunciou.

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A Consilux ainda anunciou a demissão do diretor comercial Heterley Richter Jr., que aparece no vídeo do Fantástico dizendo que é possível negociar até 5% do valor do contrato como propina e admitindo a possibilidade de "apagar" multas de motoristas infratores – o que admitiu já ter sido feito em Curitiba sem que alguém descobrisse.

Responsável pela operação dos radares na capital paranaense, a Consilux, na nota oficial, garante que nenhum contrato pode ser viabilizado sem a aprovação da "diretoria da empresa". Porém, a nota não deixa claro se, por "diretoria", deve-se entender todos os diretores da empresa ou alguma diretoria em específico.

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Ao contrário do que disse Richter no Fantástico, a Consilux informou não existir possibilidade alguma de apagar multas do sistema. "Cada infração detectada pelos controladores de velocidade é automaticamente enviada do radar para o sistema da contratante, no caso de Curitiba, a Urbs. Quem opera o sistema, portanto, é a Urbs", diz a nota. Segundo a Consilux, a única exceção possível é para "veículos especiais", como ambulâncias e viaturas policiais. A empresa, porém, garante que todos os registros ficam armazenados no sistema da Urbs.

Procurado pela Gazeta, He­­­terley Richter Jr. preferiu não comentar as acusações, por orientação de seu advogado. Disse que sua demissão teve "impacto devastador" em sua vida. "Foi uma tragédia. Sou pai de dois filhos que estão sofrendo muito."

Perkons

A Perkons, fabricante de lombadas eletrônicas, emitiu nota dizendo que abrirá investigação interna para apurar as declarações ao Fantástico de seu funcionário e à empresa que a representa no Rio Grande do Sul.

A nota da Perkons também garante que não há chance de apagar infrações de seu sistema. "A empresa utiliza tecnologia de criptografia que vai embarcada em todos os seus equipamentos e sistemas, que impossibilita deletar ou adulterar infrações", diz trecho da nota.

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Quanto ao radar que seria instalado numa rua sem pavimento em uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul, a empresa alega que não teve responsabilidade na definição do local de instalação dos equipamentos. Segundo a nota, em muitos contratos, a Perkons é apenas a fornecedora dos produtos, "sendo (sic) que o interesse e negociação são de outras empresas".