Os engenheiros do Consórcio Via Amarela, responsável pela obra da linha 4 do metrô, constataram os primeiros sinais do colapso no teto do túnel que provocou o acidente três dias antes da tragédia, ocorrida na sexta passada. Mesmo assim, o consórcio não cogitou fazer o bloqueio da Rua Capri, tragada pela cratera aberta com o desmoronamento. Das sete pessoas desaparecidas no acidente, seis trafegavam pela rua - a pé ou a bordo da van. O relato foi feito ao jornal Diário de S. Paulo por um profissional que participa das investigações das causas do acidente.
- Constataram as rupturas (no teto) e trabalharam só para evacuar o local e não para isolar a área - diz o profissional.
- Havia dias que a situação já não era mais normal.
Segundo o profissional, que não quis identificar-se, após as rachaduras o problema foi tratado de forma rotineira, com aplicação de injeções de cimento na estrutura. Com o passar dos dias, as movimentações (chamadas tecnicamente de recalques) se intensificaram e a quantidade de poeira em suspensão no ar, dentro do túnel, aumentou.
- Nessas obras, ocorrem deslocamentos. Não é uma situação sem solução, mas depende do tempo de reação. É como uma doença: quanto mais cedo se trata, mais chances de cura - diz Cláudio Riccomini, do Instituto de Geociências da USP.
No dia da tragédia, 20 operários trabalhavam no túnel, segundo o consórcio. A essa altura, todos estavam orientados a trabalhar somente no escoramento das paredes de concreto.
- Para a obra, o plano de contingência funcionou. Mas será que tinha um plano emergencial para o entorno? - questiona Riccomini.
Após o acidente, a avaliação do estrago também foi mal feita. Os técnicos do consórcio levaram em conta só a vida dentro do canteiro e chegaram a informar que não havia vítimas ao secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, que repassou a informação adiante. Um engenheiro do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da USP também ouviu que não havia vítimas.
- Não existia nenhum estado crítico de ruptura que tenha sido informado ao metrô até o momento do acidente - diz o presidente da empresa, Luiz Carlos David, responsável pela fiscalização da obra. O consórcio não falou oficialmente. O engenheiro Tarcísio Barreto Pelegrino, projetista que trabalha na linha 4, diz que o material rochoso facilita rupturas abruptas.
- É óbvio que teria de ser bloqueada a rua, mas para mim não houve tempo.
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