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Youssef deu caminhonete para ex-diretor da Petrobras | José Cruz/ABr
Youssef deu caminhonete para ex-diretor da Petrobras| Foto: José Cruz/ABr

Em Curitiba

Mensaleiro é solto, mas ex-diretor da Petrobras permanece preso

O doleiro Enivaldo Quadrado, suspeito de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro descoberto pela Operação Lava Jato, foi solto ontem da prisão temporária que cumpria na sede da Polícia Federal (PF) em Curitiba. Segundo a assessoria de comunicação do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), o mandado de prisão temporária dele havia expirado. O TRF4 ontem também negou um pedido e habeas corpus formulado pela defesa do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa – também preso em Curitiba por envolvimento com o esquema da Lava Jato. Costa, ao contrário de Quadrado, cumpre pena de prisão preventiva – que não tem data para expirar. Ele foi detido no Rio de Janeiro sob a acusação de estar destruindo possíveis provas que o incriminariam. O advogado de Costa alegou que seu cliente foi envolvido injustamente e que teria ganhado um veículo de R$ 250 mil de Alberto Youssef em pagamento por serviços de consultoria prestados. Quanto à apreensão de R$ 1 milhão em sua residência, a defesa alega que não seria indício suficiente para a acusação de corrupção passiva. O desembargador federal João Pedro Gebran Neto, porém, não acatou os argumentos.

Mensaleiro

Solto ontem, Enivaldo Quadrado é ex-sócio da operadora Bônus-Banval, envolvida no escândalo do mensalão. Na ação julgada pelo Supremo Tribunal Federal, Quadrado havia sido condenado a 3 anos e 6 meses de prisão. Ele cumpria pena alternativa antes de ser preso pela PF.

Da Redação

A Polícia Federal (PF) descobriu que uma empresa de "consultoria" controlada pelo doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, movimentou quase R$ 90 milhões entre 2009 e 2013. A PF suspeita que parte desses valores foi utilizada para pagamento de propinas para agentes públicos corrompidos por Youssef.

A descoberta sobre o fluxo milionário do caixa do doleiro ocorreu após análise da quebra de sigilo bancário da MO Consultoria e Laudos Estatísticos, empresa que Youssef criou para captar valores de "clientes", segundo a PF.

A Lava Jato foi desencadeada há 10 dias para desmontar sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que teria atingido o montante de R$ 10 bilhões. A investigação mostra as digitais de Youssef em negócios sob suspeita do Ministério da Saúde e da Petrobras.

Caso Banestado

Youssef é um antigo conhecido da Justiça Federal. Nos anos 1990, ele foi protagonista do escândalo Banestado, evasão de US$ 30 bilhões. Na ocasião, ele fez delação premiada e contou parte do que sabia.

A Lava Jato o flagrou agora em ação novamente. Ele teria pago propinas para o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. A PF constatou que o doleiro presenteou o executivo com uma Land Rover Evoque, de R$ 250 mil. As "comissões" para Paulo Roberto Costa e outros suspeitos podem ter chegado a quase R$ 8 milhões.

A PF interceptou mensagem de e-mail enviada pela gerente financeira de uma empresa, que encaminha planilha de pagamentos de "comissões", em valores vultosos – total de R$ 7,9 milhões –, com indicação, no campo fornecedor, das siglas MO e GFD.

Segundo a PF, a GFD Inves­­timentos e a MO Consultoria "são empresas controladas por Alberto Youssef, que as colocou em nome de pessoas interpostas e são por ele utilizadas para ocultação de patrimônio e movimentação financeira relacionada às operações de câmbio no mercado negro".

O laudo pericial número 190/2014 "permite um panorama financeiro das movimentações da MO Consultoria". A planilha intitulada "valores movimentados por ano nas contas do investigado (Youssef)" revela o intenso fluxo. Em 5 anos (2009-2013) as contas do doleiro movimentaram exatamente R$ 89,73 milhões.

O melhor resultado foi em 2011, com giro de R$ 43,78 milhões, entre créditos e débitos. Em 2013, porém, a movimentação despencou para R$ 504,9 mil – os investigadores suspeitam que Youssef canalizou os recursos para outra instituição, ainda não identificada.

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