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Costa: valor recebido por suas empresas consta do inquérito | Geraldo Magela/Agência Senado
Costa: valor recebido por suas empresas consta do inquérito| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Depoimentos

Na delação premiada, doleiro e ex-diretor da Petrobras denunciaram o cartel

Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que havia um esquema de cartel dentro da estatal. "Na realidade o que acontecia dentro da Petrobras, principalmente mais a partir de 2006 pra frente, é um processo de cartelização", disse o ex-diretor.

O doleiro Alberto Youssef confirmou o esquema em interrogatório na Justiça Federal. "Era entregue uma lista das empresas que iam participar do certame e nessa lista já era dito quem ia ser, quem ia ser a vencedora. Essa lista era repassada pro Paulo Roberto Costa", afirmou.

De acordo com Costa, as empresas pagavam propina de 3% sobre o valor do contrato para agentes políticos para obterem as obras da estatal. "Por hipótese, o BDI era 15%? Então se colocava, normalmente, em média, 3% a mais. E esses 3% eram alocados a agentes políticos", declarou o ex-diretor.

Empresa paranaense repassou R$ 2,4 milhões

A Iesa Óleo e Gás repassou um total de R$ 2,4 milhões a empresas de fachada controladas pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, entre 2010 e 2013. No inquérito da PF juntado ao processo, aparecem notas fiscais referentes aos supostos contratos firmados com a MO Consultoria, Empreiteira Rigidez e Costa Global Consultoria – empresas de fachada controladas por Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef.

A Iesa, que atualmente tem sede no Rio de Janeiro, mas integra um grupo empresarial criado no Paraná e que ainda mantém unidades em Curitiba, tem contratos que chegam ao valor de R$ 4,5 bilhões com a Petrobras. Disso, R$ 381,2 mil são referentes a contratos firmados individualmente entre a estatal e a Iesa, enquanto outros R$ 4 bilhões são contratos firmados entre a Petrobras e o Consórcio CII – Consórcio Ipojuca, formado pelas empresas Iesa e Queiroz Galvão.

No inquérito da PF, são apontadas notas fiscais referentes a serviços de consultoria prestados à Iesa. A MO Consultoria e a Empreiteira Rigidez, controladas por Youssef, receberam juntas R$ 1,2 milhão entre dezembro de 2010 e novembro de 2011.

Já a empresa Costa Global Consultoria, do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, firmou contrato de R$ 1,2 milhão com a Iesa em abril de 2013. O valor foi pago em parcelas de R$ 100 mil. Quem assina o contrato pela Iesa são o diretor presidente, Valdir Lima Carreiro, e o diretor de operações, Otto Garrido Sparenberg, que tiveram a prisão temporária decretada na sexta-feira.

Sete empreiteiras investigadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato repassaram R$ 63 milhões a empresas de fachada controladas pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, entre 2005 e 2014. No inquérito da PF juntado ao processo, aparecem notas fiscais referentes aos supostos contratos firmados entre as construtoras com a MO Consultoria, Empreiteira Rigidez, GFD Investimentos, RCI e Costa Global Consultoria – empresas de fachada de Costa e Youssef.

INFOGRÁFICO: Confira os contratos das empreiteiras com a Petrobras

Juntas, as empreiteiras firmaram contratos com a Petrobras de R$ 59,6 bilhões entre 2005 e 2014, de acordo com a PF. O valor inclui contratos individuais e de consórcios.

No inquérito, a PF mostra notas fiscais, contratos e pagamentos realizados às empresas de Costa e Youssef em troca de prestação de serviços, consultorias, etc. A suspeita dos investigadores é de que esses serviços nunca foram prestados e as empresas de fachada eram usadas para mascarar valores de propina do suposto cartel montado para fraudar licitações da Petrobras.

Mais repasses

A empresa que mais repassou dinheiro para empresas fantasmas foi a Camargo Corrêa. Segundo o inquérito, foram R$ 32,4 milhões para a GFD, MO, Rigidez e Costa Global.

As demais empresas que fizeram repasses a contas controladas por Costa e Youssef são: OAS (R$ 8,6 milhões), Mendes Júnior (R$ 10 milhões), Galvão Engenharia (4,5 milhões), Engevix (R$3,6 milhões), Iesa (R$ 2,4 milhões) e Queiroz Galvão (R$ 1,3 milhão).

A UTC, de acordo com a PF, realizava negócios com a GFD Investimentos, de Alberto Youssef. Entre os negócios discriminados no inquérito estão a compra de terrenos em Lauro de Freitas (BA), no valor de R$ 5,3 milhões, e a compra da marca Web Hotel, por R$ 40 mil. A empresa também teria realizado uma transferência no valor de R$ 17,9 mil à GFD sem declarar o motivo.

Empresas de fachada

Segundo o inquérito da PF, o esquema consistiria no repasse de dinheiro das empreiteiras para empresas de fachada de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef para a prestação de serviços fictícios. Na verdade, seriam apenas para o pagamento de propina.

Empreiteiras dão sua versão sobre denúncia

Em nota, a Mendes Júnior afirmou que não se pronuncia sobre inquéritos e processos em andamento. A UTC também informou que não se manifestará.

A OAS informou que "tem prestado todos os esclarecimentos solicitados e fornecido todas as informações e documentos requeridos pela Justiça. A empresa está à inteira disposição das autoridades e vai continuar colaborando no que for necessário para as investigações".

A Queiroz Galvão, em nota, reiterou que "todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação em vigor e está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários".

Repúdio

A Camargo Corrêa respondeu sobre um repasse de R$ 3,1 milhões para a Costa Global, empresa de Paulo Roberto Costa, afirmando que "repudia as acusações sem comprovação contidas nos depoimentos, e reitera que a contratação da Costa Global [empresa de Paulo Roberto Costa] e a prestação dos respectivos serviços se deram após a saída do ex-executivo da empresa". A assessoria informou que não poderia responder pelo restante dos repasses (R$ 29 milhões) porque foram feitos pelo consórcio do qual a Camargo Corrêa faz parte. Nesse caso, outra assessoria foi contatada, mas não respondeu até o fechamento da reportagem.

Esclarecimentos

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