O nome do deputado federal Nelson Meurer (PP-PR) apareceu em uma planilha da contabilidade paralela do doleiro Carlos Habib Chater, um dos presos pela Polícia Federal (PF) no começo da Operação Lava Jato, em março. A tabela indicava o pagamento de R$ 42 mil para "Nelson Meurer" e mais três remessas no valor de R$ 103 mil para "Nelson". As informações foram divulgadas ontem pelo jornal O Globo.
As contas estavam em arquivos encontrados no Posto da Torre, em Brasília, ponto de partida das investigações. O local também abriga uma casa de câmbio, uma lavanderia e um lava jato de veículos, que batizou a operação. Segundo as investigações, Chater trabalhava como parceiro do doleiro londrinense Alberto Youssef, pivô do esquema que teria lavado R$ 10 bilhões.
Em depoimento, Yousseff disse que mandava dinheiro para o colega, que fazia a distribuição dos recursos para políticos. Chater, no entanto, negou o recebimento de dinheiro para repasses. O dinheiro de Yousseff, segundo ele, seria um empréstimo para manter o fluxo de caixa do posto de combustível.
Foi a segunda vez que o nome do deputado apareceu na operação. A primeira foi na agenda do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que assim como Youssef fez um acordo de delação premiada com a Justiça. Nas anotações, aparece uma remessa no valor de R$ 28,5 milhões para o PP dessa quantia, R$ 4 milhões seriam para alguém citado como "Nel", que a polícia acredita tratar-se de Meurer. Os recursos foram entregues em 2010.
Outro lado
À Gazeta do Povo, Meurer disse desconhecer Chater e que não recebeu o dinheiro. "Nunca ouvi falar nele, nem sei se tem esse tal Posto da Torre aqui em Brasília", afirmou o parlamentar. Sobre as ligações com as empreiteiras investigadas pela Lava Jato, reiterou que só recebeu recursos de doações legais. "Em 2010, recebi R$ 500 mil da Queiroz Galvão e outros R$ 206 mil do partido, valores que estão devidamente declarados na minha prestação de contas."
Segundo Meurer, caberia a quem tem o nome dele na agenda explicar a situação. "O cara que escreveu meu nome na agenda que diga quando e o que ele me deu. O que eu posso garantir é que não recebi nada." Meurer disse que está disposto a colaborar e prestar todos os esclarecimentos, caso isso seja solicitado pela Procuradoria-Geral da República.
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