A contadora Meire Pozza, que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef – peça central da Operação Lava Jato –, declarou à Justiça Federal que entregou dinheiro em espécie para o então deputado Luiz Argôlo (SD/BA) – atualmente preso em Curitiba, base da investigação sobre corrupção e propinas na Petrobras.
STJ recebe processo contra ex-ministro Mário Negromonte
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) recebeu mais dois processos ligados à Operação Lava Jato. Um deles é um inquérito contra o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte e outro, um pedido de inquérito que envolve um desembargador de Santa Catarina. Os dois casos foram encaminhados pelo Ministério Público Federal ao ministro Luis Felipe Salomão, relator da Lava Jato no STJ.
Negromonte já é alvo de outro inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto envolvimento do esquema que desviou recursos da Petrobras. Embora ele tenha prerrogativa de foro no STJ, por ocupar um cargo no Tribunal de Contas da Bahia, o Ministério Público decidiu manter parte das investigações na Suprema Corte, já que o caso está bastante ligado a outros investigados.
O procedimento que solicita a investigação de um desembargador de Santa Catarina está sob segredo de Justiça. O suposto envolvimento do juiz foi descoberto nas investigações de primeira instância, mas remetidos ao STJ por ser o tribunal competente para julgar desembargadores.
A entrega do valor, “aproximadamente” R$ 300 mil, segundo Meire, ocorreu no escritório do doleiro em São Paulo, em 2013. “Houve uma ocasião em que ele [Argôlo] estava lá [na sede da GFD Investimentos, empresa de fachada de Youssef]. Eu ia levar dinheiro para o Alberto e ele [Argôlo] estava lá aguardando esse dinheiro. Então, o Alberto me falou isso, ‘ó você tem que trazer, ele está aqui aguardando dinheiro’”.
O depoimento de Meire ocorreu nesta terça-feira (23), na Justiça Federal no Paraná. Ela depôs como testemunha da acusação em dois processos contra Luiz Argôlo e contra o ex-deputado Pedro Corrêa (PP/PE), que também está preso. Os ex-parlamentares são acusados de receberem propinas do esquema de corrupção que se instalou na Petrobras.
Meire trabalhou para o doleiro. Ela contou que, além de Argôlo, viu no escritório de Youssef outros políticos.
Um procurador da República indagou de Meire o que os políticos iam fazer no escritório do doleiro. “Só posso lhe dizer em relação ao ex-deputado Luiz Argôlo porque presenciei ele indo prá buscar dinheiro. Os outros realmente não sei dizer. Vi Luiz Argôlo em algumas ocasiões. Não sei precisar a época, acredito que a última vez foi no começo de 2014, verão de 2014, mas eu não me lembro exatamente.”
O procurador quis saber quando foi a primeira vez que a testemunha viu o então deputado na sede da GFD de Youssef. “O ano, com certeza, foi 2013 porque antes disso Alberto ficava num outro escritório. Eu fui pouquíssimas vezes no outro escritório.”
“Chegou a conversar com o deputado Luiz Argôlo?”
“Sim, em algumas ocasiões sim.”
“Como a sra. sabe que ele foi buscar dinheiro?”
“Porque houve uma ocasião que ele estava lá e eu ia levar dinheiro para o Alberto. Ele estava lá aguardando esse dinheiro. Então, o Alberto me falou isso, ‘ó você tem que trazer, ele está aqui aguardando dinheiro’“.
Meire Pozza relatou que, em certa ocasião, Argôlo estava aguardando, mas o dinheiro não entrou “e ele teve que ficar em São Paulo para ir embora só no dia seguinte.”
Ao ser perguntada sobre quanto foi repassado ao ex-parlamentar, a contadora disse ‘não se recordar’. “Não me recordo o valor, aproximadamente pelo que me consta eram R$ 300 mil. Eu acho que era R$ 300 mil na ocasião.”
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