"60% dos crimes são por motivos fúteis"
Coordenador da Frente Paraná Sem Armas no Paraná, o deputado estadual Ratinho Jr. (PPS), prevê uma campanha acirrada porque apesar de seguir as regras eleitorais, o grupo não dispõe de recursos para material de divulgação e depende de um trabalho voluntariado, com a ajuda da população e de lideranças comunitárias. Enquanto isso, segundo ele, as empresas produtoras de armas e a chamada "bancada da bala" no Congresso Nacional estão investindo "pesado" para convencer a população a votar contra o desarmamento. "Eles estão com muito dinheiro, distribuindo adesivos, cartazes, material pela internet e outras formas de divulgação. Estão gastando milhões na campanha", disse Ratinho Jr.
O deputado afirma que a saída para a Frente contra armas é convocar sindicatos, igrejas e entidades organizadas para ajudar na mobilização. Apesar das dificuldades, Ratinho Jr. está confiante que a maioria da população vai dizer sim ao referendo e decidir pela proibição da venda de armas no país.
As estatísticas, segundo ele, comprovam que é a melhor alternativa para o Brasil. "Cerca de 60% dos crimes são provocados por motivos fúteis, como desavenças no trânsito, brigas em botecos ou crianças que acabam matando irmãos e primos com as armas dos pais. A arma só traz o mal à sociedade", disse.
O deputado refuta o principal argumento da outra frente, de que o cidadão não terá mais como se defender de assaltos e seqüestros se não puder mais andar armado. "De cada dez pessoas que reagem, oito são mortas", afirma.
"As pessoas não têm preparo para usar armas"
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, José Domingos Scarpelini (PSB) engrossa o grupo que defende o desarmamento e considera necessário conscientizar o cidadão, que não tem índole violenta, de que a arma não é garantia em situação de defesa. "A pessoa que não tem coragem nem preparo para usar a arma e acaba sendo morta pelo bandido, que age mais rápido", disse. Ele lembrou que foi vítima de recente seqüestro e teve sorte de estar desarmado. Scarpelini é contra, no entanto, à realização do plebiscito por entender que os gastos para a campanha do referendo, estimada pelo Ministério da Justiça e TSE em cerca de R$ 600 milhões, daria para construir, pelo menos, 40 presídios de segurança máxima em todo o país.
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