Os deputados da CPI do Apagão Aéreo na Câmara decidiram fechar a sessão na manhã desta segunda-feira (4) para tomar os depoimentos de quatro controladores denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por homicídio doloso pelo acidente com o vôo 1907 da Gol, que matou 154 pessoas em setembro de 2006.
Esta foi a condição imposta pelos controladores Jomarcelo Fernandes dos Santos, Lucivando de Tibúrcio de Alencar, Leandro José Santos de Barros e Felipe Santos do Reis para falar à CPI.
Antes de fechar a sessão, os deputados ouviram de Lucivando o relatório de defesa que atribui parcela da responsabilidade pelo acidente aos pilotos do jato Legacy que se chocou no ar com o boeing da Gol.
O presidente da Associação Brasileira de Controladores de Trafego Aéreo, Wellington Rodrigues, fez duras críticas ao indiciamento por homicídio doloso e considerou a decisão do MPF uma tentativa de esconder as falhas do sistema de controle do tráfego aéreo brasileiro.
"Em nenhum caso no mundo, um controlador foi indiciado por dolo. Isso tem repercutido muito mal entre os controladores, porque dá a impressão que o controlador saiu de casa para abater um avião", disse.
Wellinton Rodrigues reiterou que 41 fatores contribuíram para o acidente. "Analisar apenas o fator homem é injusto. Isso está causando o estresse muito grande entre os controladores. Você não se sente nem seguro para sentar para trabalhar, porque você pode ser indiciado a qualquer momento, por um crime intencional. Isso é um absurdo", afirmou.
Na avaliação do deputado Ivan Valente (PSOL- SP) os controladores estão sendo duramente pressionados tanto pela decisão do relator da CPI do Apagão Aéreo do Senado, senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e o Ministério Público Federal de os indiciar por dolo, quanto pela tentativa da aeronáutica de evitar que se desvende o sistema. "Eles [controladores] são o elo frágil", disse o deputado.