Rachado
PMDB entre alianças e candidatura própria
A indefinição que cerca a convenção estadual do PDT também marca as discussões do PMDB do Paraná. Enquanto o governador Orlando Pessuti não mostra sinais de que abrirá mão de disputar a reeleição, o ex-governador Roberto Requião tem demonstrado interesse em fechar aliança com o PDT, do senador Osmar Dias. Esse último cenário permitiria a reprodução da base aliada do governo federal na disputa ao governo do Paraná e tiraria Osmar do caminho de Requião na briga por uma vaga ao Senado. Há, no entanto, uma terceira corrente peemedebista que defende uma aliança com o tucano Beto Richa.
Ontem, Pessuti se reuniu com a executiva estadual do partido e reafirmou sua condição de pré-candidato. No encontro, o governador pediu o apoio dos colegas de legenda para a disputa ao Palácio Iguaçu. Na última segunda-feira, por outro lado, foi Requião quem esteve reunido com o diretório peemedebista, dando sinais evidentes de que prefere uma aliança com o PDT a lançar Pessuti como candidato.
"O Requião fez críticas políticas à administração Pessuti, mas isso não é novidade dentro do PMDB. Sempre fomos autocríticos e conflitantes", argumentou o deputado Waldyr Pugliesi, presidente estadual do partido. "Mas claramente o Requião defende uma aliança com o Osmar." Principal defensor da candidatura de Pessuti, o parlamentar diz acreditar, no entanto, que, se o PMDB escolher o nome do governador na disputa ao governo do estado, Requião agirá com "companheirismo" e respeitará a decisão. "Numa convenção pode acontecer de tudo. Pode ser que o nome do Pessuti não seja homologado. Mas acredito que nem haverá disputa", finalizou.
Nem mesmo no âmbito nacional, o discurso do PMDB é uniforme. Apesar de Requião ainda ameaçar lançar seu nome como candidato a presidente na convenção do partido, os peemedebistas devem indicar o deputado Michel Temer (SP), atual presidente da Câmara, para vice-presidente da República na chapa liderada pela petista Dilma Rousseff. O pré-acordo entre as duas legendas, porém, não evitou que surgissem divergências entre os programas de governo de cada partido. O documento do PMDB entregue ontem a Dilma será adicionado ao programa petista, para ser formatado antes de ser apresentado na campanha. (ELG)
De hoje até o próximo dia 30, os 27 partidos políticos brasileiros com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deverão realizar suas convenções nacionais e estaduais para definir os candidatos que disputarão as eleições deste ano. Em âmbito nacional, as convenções serão apenas uma formalidade para bater o martelo em relação às candidaturas presidenciais de José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). No Paraná, as convenções colocarão fim às incertezas que cercam as pré-candidaturas ao governo do estado. A posição mais aguardada é a do PDT, que terá de decidir se lança o senador Osmar Dias ou se apoia o tucano Beto Richa.
A convenção que pode ser decisiva para o cenário político paranaense ocorrerá sábado, em São Paulo, quando o PDT nacional aprovará a aliança com o PT. Isso porque os pedetistas podem proibir os estados de fecharem acordo com partidos de oposição à base aliada do governo federal o que acabaria com o sonho do PSDB do Paraná de contar com Osmar Dias na chapa de Richa. Ontem, inclusive, o presidente Lula defendeu que os partidos da base aliada mantenham as coligações nos estados para aumentar as chances da candidatura de Dilma Rousseff.
"A convenção nacional é que vai decidir a política de alianças. Antes, não dá para se pronunciar a respeito disso", afirmou Osmar Dias. "Em se tratando de PDT, prefiro esperar a convenção. Em 2006, disseram que não teríamos candidato a presidente, mas lançaram o Cristovam Buarque e eu perdi metade das minhas alianças." Hoje, o PDT realizará sua convenção local na sede do partido, em Curitiba. O encontro apenas delegará a decisão sobre alianças para a executiva estadual da legenda, que não tem data definida para se posicionar sobre o assunto.
Essa indefinição pedetista forçou PSDB e PP a alterarem a data de suas convenções no estado para o próximo dia 19 (elas estavam previstas para amanhã). "Nosso desejo é fechar os quatro nomes da chapa majoritária na convenção. Contamos com a aliança com o senador [Osmar Dias], tanto que reservamos a vaga de vice-governador e uma de senador ao PDT", disse o deputado Valdir Rossoni, presidente estadual do PSDB. O discurso do líder tucano foi seguido pelo deputado Ricardo Barros, presidente do PP do Paraná e pré-candidato ao Senado na mesma chapa. "A nova data foi marcada em decisão conjunta com o PSDB para aguardarmos a decisão do PDT e de outros partidos com os quais estamos conversando", declarou.
O PSB é outro partido que irá se aliar aos tucanos no Paraná. Apesar de o partido estar previamente fechado com a candidatura presidencial petista, o diretório estadual foi liberado para compor a chapa encabeçada por Beto Richa. A convenção do partido será realizada hoje, em Curitiba.
Já o PT estadual marcou a convenção para o penúltimo dia previsto por lei. O principal objetivo do partido é formar um palanque único para Dilma Rousseff no Paraná. Por enquanto, no entanto, o cenário permanece indefinido e aberto a três possibilidades: apoio a Osmar Dias, apoio à tentativa de reeleição do governador Orlando Pessuti (PMDB) ou lançamento de candidato próprio ao governo do estado. No âmbito nacional, o PT deverá receber o apoio de PMDB, PDT, PSB, PCdoB e PR.
No âmbito nacional, segue a indefinição em torno de quem será o vice de José Serra (PSDB). A única certeza é que o partido terá o apoio de DEM, PPS, PTB e PSC. O PP deverá manter a neutralidade na esfera nacional. Já o PV, que terá Marina Silva como candidata, não conta com apoio de nenhum dos principais partidos do país.
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