Caxambu (MG) - Cientistas políticos ouvidos pela Gazeta do Povo avaliam que a aprovação da entrada da Venezuela no Mercosul não deve prejudicar o Brasil nem o bloco como um todo, apesar das críticas que o presidente Hugo Chávez recebe por suas atitudes não democráticas. A avaliação deles é de que o ideal democrático não é critério para o sucesso de um bloco econômico. Além disso, a convergência política entre os países pode ser conquistada ao longo dos anos.
"Na época da formação da União Europeia, os países não tinham convergência institucional. Houve um empenho dos Estados Unidos para que o bloco econômico se formasse, a Europa fosse integrada e suas economias reconstruídas. A convergência institucional se deu na sequência", diz Sebastião Velasco e Cruz, cientista político e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
André Marenco, cientista político e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, afirma que os modelos democráticos variam muito em sua configuração. "A Venezuela tem componentes problemáticos no seu modelo de governo, mas temos que lembrar que a modificação da Constituição (venezuelana) foi aprovada por um referendo", diz Marenco. Ele lembra que até hoje a Europa vive modelos bem diferentes de democracia. Mesmo assim, afirma ele, essas diferenças não prejudicaram a constituição do bloco comum.
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