O advogado Rodrigo Roca disse, em sessão da Comissão da Verdade desta terça-feira (29), que o coronel Freddie Perdigão Pereira não aparece em foto do acidente que matou a estilista Zuzu Angel, no Rio, em 1976. De acordo com o advogado, a declaração feita pelo delegado Claudio Guerra à comissão, na semana passada, estaria equivocada.
Guerra havia dito que o então coronel Freddie Perdigão esteve na cena do acidente de carro que matou a estilista Zuzu Angel, em 1976, e que a morte dela foi provocada pela ditadura militar. O delegado também afirmou que o militar aparece em uma fotografia próximo ao automóvel em que morreu a estilista Zuzu Angel, no Rio, em 1976.
Em audiência no Arquivo Nacional, centro do Rio, a comissão ouviu três militares nesta terça: o general Nilton Cerqueira, e os capitães do exército Jacy Oschendorf e Jurandyr Oschendorf.
Orientados por Roca, os três pediram que a imprensa deixasse a sala, mas ainda assim disseram que não tinham nada a declarar sobre cada uma das perguntas. "Acredito no trabalho da comissão, mas o açodamento de alguns depoentes acaba induzindo ao erro. Por exemplo na questão da fotografia do coronel Perdigão. Senhor presidente, não é ele na fotografia. Isso foi um erro histórico e acreditando na boa fé da comissão na condução lícita dos trabalhos estou aqui por lealdade esclarecendo a Vossa Excelência que foi um erro", disse Roca.
O coordenador da comissão, Pedro Dallari, disse que há contradição entre a afirmação do advogado - que nega a presença de Freddie Perdigão no local do acidente de Zuzu - e a postura dos depoentes, que se calaram às perguntas. "É uma manifestação completamente contraditória. Se há erro, ele só pode ser corrigido com depoimento, com elementos e com documentos. Não com o silêncio", afirmou Dallari.
Zuzu Angel era mãe de Stuart Angel, militante do grupo guerrilheiro MR-8 preso em 14 de maio de 1971 e até hoje desaparecido. Com seu desaparecimento, Zuzu Angel fez uma mobilização nacional e internacional em busca do filho, tornando-se uma figura incômoda ao regime militar.
O coronel Freddie Perdigão, morto em 1997, é apontado como torturador da Casa da Morte de Petrópolis. Guerra afirmou que Perdigão lhe entregava corpos para serem incinerados em uma usina em Campos dos Goytacazes (norte do Rio de Janeiro), para que não fossem mais encontrados. Em seu depoimento, Guerra relatou 13 casos de pessoas incineradas por ele, por ordens do regime militar.
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