Primeiro responsável pelo comando da Operação Centro Cívico – que deixou 213 feridos em um confronto no dia 29 de abril, em Curitiba -–, o Coronel Chehade Elias Geha teria alertado seu superior sobre um possível abuso de autoridade que a Polícia Militar estaria prestes a cometer antes do confronto.
De acordo com o Ministério Público do Paraná, Geha teria enviado uma mensagem de texto ao Coronel Nerino, Subcomandante-Geral da PM, externando suas preocupações em relação à ocupação no dia 26 de abril. No dia seguinte, o então comandante-geral da PM, coronel Vinicius Kogut, determinou a alteração da cadeia de comando da operação.
Manifestantes trocam o nome da praça onde ocorreu confronto entre professores e PM
Um adesivo foi colado na placa que dá nome à Praça Nossa Senhora da Salete, no Centro Cívico, para lembrar do dia 29 de abril
Leia a matéria completa“Acredito que estamos na iminência de cometermos um flagrante abuso de autoridade”, diz a mensagem de texto de Geha enviada no dia 26 de abril. “Não vejo como impedir o acesso de pessoas, caminhão de som, montagem de barracas no Centro Cívico. Nossa missão é garantir que a Alep [Assembleia Legislativa do Paraná] não seja invadida e, caso ocorra, reintegrar a mesma”, continua a mensagem. “Gostaria que reestudassem o que planejaram anteriormente”, diz o coronel ao finalizar a mensagem.
De acordo com depoimento prestado ao MP, como não obteve resposta à tentativa de contato, Geha foi pessoalmente ao encontro de Nerino para tratar do assunto. Depois de uma reunião realizada no dia 27 de abril, “o coronel Kogut determinou ao coronel Chehade alteração na cadeia de comando da Operação Centro Cívico”.
A nova determinação fez com que o tenente-coronel Hudson, comandante das tropas especiais – como o Bope e a Tropa de Choque – deixasse de ser subordinado a Geha e passasse a responder ao coronel Nerino. Assim, Geha comandaria apenas as tropas regulares.
De acordo com o MP, a decisão “colocava no comando imediato do coronel Nerino todas as tropas especiais, exatamente as tropas de maior potencial ofensivo”.
Outro lado
Em nota, a Polícia Militar informou que “o Inquérito Policial Militar instaurado, em face dos fatos do dia 29 de abril de 2015, ainda não foi concluído, sendo que após a conclusão por parte do encarregado, os fatos serão analisados com absoluta maturidade e responsabilidade institucional”. Ainda segundo a PM, “seria precoce e irresponsável qualquer outra forma de manifestação pontual a respeito dos fatos em apuração”.
Entenda o caso
No dia 29 de abril, os professores da rede estadual protestaram contra a votação do projeto do governo do estado que reformou a previdência dos servidores. Os manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar, que cercava o prédio da Alep. O episódio deixou 213 feridos.
Após o confronto, o governador Beto Richa (PSDB) realizou trocas de secretários nas secretarias de Educação, Segurança Pública e no comando da Polícia Militar.
O Ministério Público do Paraná fez uma investigação para apurar se houve excessos da PM e ajuizou uma ação de improbidade administrativa contra o governador Beto Richa, o ex-secretário e atual deputado federal Fernando Francischini (SD) e os coronéis César Kogut, Arildo Luís Dias, Nerino Mariano de Brito e tenente-coronel Hudson Teixeira.
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