O coronel reformado do Exército Paulo Malhães, 76 anos, disse ao jornal carioca "O Dia" que participou de uma operação secreta para ocultar os restos mortais do ex-deputado Rubens Paiva, morto sob tortura em 1971. É a primeira vez que um militar assume a participação no desaparecimento do corpo de Paiva, uma das mais conhecidas vítimas da ditadura.

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Em reportagem publicada pela Folha de S.Paulo hoje, Malhães disse ter recebido, em 1973, uma ordem do Ministério do Exército para desenterrar e sumir com os restos mortais de Paiva. O deputado havia sido morto dois anos antes sob tortura, no DOI-Codi fluminense.

De acordo com o relato do coronel, o corpo foi enterrado inicialmente no Alto da Boa Vista, na zona norte do Rio. Depois, teria sido exumado e enterrado novamente na praia do Recreio (zona oeste).

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"Recebi a missão para resolver o problema, que não seria enterrar de novo. Procuramos até que se achou [o corpo]. Foi um sufoco para achar. Aí seguiu o destino normal", contou Malhães ao jornal "O Dia".

O coronel fez mistério sobre o destino que deu ao cadáver. "Pode ser que tenha ido para o mar. Pode ser que tenha ido para o rio", disse.

Rubens Paiva foi preso em sua casa em 20 de janeiro de 1971. Segundo relatos de presos políticos e militares, sofreu torturas numa base da Aeronáutica no aeroporto Santos Dumont e na sede do DOI-Codi, onde morreu.

No mês passado, a Comissão Nacional da Verdade acusou dois militares pela morte: o general reformado José Antonio Nogueira Belham, 79, e o tenente Antônio Fernando Hughes de Carvalho, já falecido.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Belham negou a acusação e sustentou a versão de que estava de férias quando Paiva foi preso. Ontem, três comissões da Câmara aprovaram convite para ouvir o general. Ele não será obrigado a comparecer e prestar depoimento.

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