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Está sendo velado, nesta terça-feira, na Catedral de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, o corpo de dom Ivo Lorscheiter, ex-presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O religioso, de 79 anos, faleceu às 16h desta segunda-feira, após falência múltipla dos órgãos. A movimentação na catedral é intensa desde a madrugada. O enterro de dom Ivo será esta tarde na Basílica da Medianeira, que o religioso inaugurou em 1985. Ele será sepultado na cripta do santuário, ao lado do altar em homenagem a São Ivo.

Um dos mais fortes oponentes do regime militar e um dos principais porta-vozes da Teologia da Libertação, dom Ivo completaria nesta terça-feira 41 anos de sua ordenação como bispo. Ele havia se aposentado em março de 2004, tornando-se bispo emérito de Santa Maria, diocese que dirigiu por 30 anos.

Dom Ivo morreu no Hospital de Caridade, onde havia sido internado em 25 de fevereiro com isquemia mesentérica, que ocorre quando falta a irrigação no intestino, explicou o cardiologista Luiz Gustavo Thomé. Esse quadro levou à infecção intestinal. Após uma cirurgia, o quadro melhorou, mas na madrugada de domingo voltou a piorar.

Os problemas de saúde acompanharam D. Ivo desde o nascimento. José Ivo Lorscheiter, nascido em 7 de dezembro de 1927, filho de dois agricultores alemães na localidade de Fritzenberg, no interior de São José do Hortêncio (RS), quase morreu sufocado no momento do parto, porque os médicos demoraram a ver que eram duas crianças. Sua irmã gêmea, Lúcia, nasceu primeiro. Um marca-passo foi colocado em novembro de 2005. Há pelo menos 15 anos, era diabético. Ao longo dos anos, foi submetido a diferentes cirurgias.

A principal atividade de Dom Ivo nos últimos meses era um livro sobre os cem anos da diocese de Santa Maria. A pesquisa o levou à biblioteca do Vaticano, onde também teve uma audiência particular com o Papa Bento XVI.

Até a Anistia, em 1979, Dom Ivo foi um dos principais interlocutores da Igreja com o governo. De 1970 a 1974, fazia parte, por exemplo, da Comissão Bipartite, formada secretamente por religiosos e militares. Ele não temia dar voz às insatisfações da Igreja e da população contra os atos do regime, nem na frente do presidente Emílio Garrastazu Médici.

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