O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que a corrupção revelada até agora pela Operação Lava Jato é “superior e muito aos orçamentos do Ministério Público Federal, somados os anos de 2014 e 2015”. As cifras desviadas, que chegariam a US$ 1,5 bilhão, “refletem muito mais negativamente na queda do PIB brasileiro que a Operação Lava Jato”, afirmou Janot ao citar críticas de que as investigações estariam impactando na economia brasileira. Ele destacou, contudo, que já foram recuperados cerca de US$ 847 milhões, incluindo US$ 248 milhões bloqueados no exterior.
As declarações de Janot foram dadas na noite desta quarta-feira (28) durante o 32º Encontro Nacional dos Procuradores da República, realizado em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza. O evento contou ainda com a presença do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux.
O procurador também fez referências ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos 48 parlamentares investigados na Lava Jato, e também o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Pela primeira vez na história, estamos investigando corruptos e corruptores, embora as pessoas com direito ao foro privilegiado continuem no exercício de seus respectivos mandatos, incluindo os presidentes da Câmara e do Senado”, alfinetou Janot. Cunha insinuou, no último dia 10, que o procurador teria uma “obstinação” contra o parlamentar.
Citando dados da Lava Jato, Janot exaltou o fato de que o Ministério Público Federal já fez 35 acordos de delação premiada, mas refutou críticas de que as prisões de investigados na operação foram usadas como principal instrumento para conseguir as delações. “Apenas oito acordos foram firmados com pessoas presas, os outros 27 acordos de delação foram com pessoas soltas”, defendeu.
O procurador disse ainda que a operação já resultou em 34 ações criminais, 184 investigações, 259 acusações, 40 condenações e 78 pedidos de assessoria jurídica internacional, em 28 países, incluindo China, Coreia do Sul, Dinamarca, Suécia e Inglaterra.
Bem-humorado, Janot relatou o caso de uma candidata à procuradora que em prova oral para o cargo citou um ditado popular atribuindo-o ao procurador.
“Depois de citar vários autores jurídicos consagrados, ela disse com a maior seriedade do mundo que, segundo frase minha, ‘pau que dá em Chico, dá em Francisco’ e de fato o Ministério Público Federal tem agido”, disse, com risos da plateia.