Apesar do agravamento da crise política provocado pela delação premiada do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, a visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos tem sido dominada pela agenda positiva que o governo tenta vender no exterior. A corrupção na Petrobras e suas consequências para o país sequer foram citadas na reunião de duas horas e meia com 25 empresários de multinacionais brasileiras que abriu, neste domingo, a série de compromissos da comitiva oficial em Nova York.
“Não se tocou neste assunto”, afirmou o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, em entrevista coletiva concedida no hotel St. Regis após o encontro.
“Acho que essa é uma questão que está posta num outro contexto. No nosso encontro nós discutimos a maior inserção do Brasil nos EUA e sobretudo a questão de como o governo e o setor privado podem atuar exatamente no desenvolvimento e no incremento dessa relação”.
Monteiro, que falou à imprensa ao lado dos ministros Aldo Rebelo, da Ciência e Tecnologia, e Mauro Vieira, das Relações Exteriores, disse não ter conhecimento do duro editorial publicado neste domingo pelo “The Washington Post”. Intitulado “Um retrocesso no Brasil”, o texto diz que “a presidente enfrenta o desafio de sobreviver no Planalto e tentar governar por mais três anos e meio”.
“Houve, sim, uma manifestação no sentido de reconhecer que o canal do comércio exterior é um canal muito importante neste momento, exatamente porque o Brasil vive um momento de transição na sua economia e o reequilíbrio fiscal impõe no curto prazo uma certa retração da atividade econômica doméstica, é exatamente por isso que o canal do comércio exterior se apresenta como oportunidade irrecusável”.
Questionado se as crises econômica e política afetam os negócios ou teriam sido levantadas na reunião, o presidente da JBS, Wesley Batista, disse na saída que “alguns setores logicamente levantaram a questão do impacto no ajuste fiscal, como desonerações, alguma coisa deste tipo”.
“Acho que foi mais tratado as oportunidades, o motivo da viagem aqui, todo mundo se concentrou mais em falar do que tem de oportunidade entre Brasil e EUA. Acho que foi pouco citado, né, e não era o propósito da reunião, a questão interna no Brasil”, comentou Wesley, que disse que a expectativa do setor é que os EUA anunciem a liberação da importação de carne brasileira in natura no encontro entre Dilma e Obama em Washingron na terça-feira.
Monteiro contou que o governo “ouviu mais do que falou” na reunião: segundo ele, Dilma fez um discurso inicial e em seguida abriu espaço para os empresários se pronunciarem. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chegou ao final do encontro, direto do aeroporto, após adiar a viagem devido a um quadro de embolia pulmonar. Além do comércio, ciência e tecnologia e inovação teriam sido os temas mais discutidos. O ministro sinalizou que um acordo de livre comércio “é uma aspiração” do Brasil, mas disse que, por enquanto, “precisamos focar numa agenda que possa produzir resultados a curto prazo”.
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