Oposição cobra investigação de propina que teria ido ao PT
A oposição classificou ontem de "estarrecedoras" as informações reveladas por Pedro José Barusco Filho, ex-gerente da Petrobras, que estima em até US$ 200 milhões o valor supostamente recebido pelo PT em propina retirada de contratos da estatal. Ao afirmarem que o "petrolão" é um dos maiores escândalos de corrupção já encontrados no mundo, líderes oposicionistas cobraram a investigação das denúncias.
Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) disse que os responsáveis pelos desvios na Petrobras têm de ser punidos. "É preciso que saibamos, de forma muito clara, quem foram os responsáveis por estes desvios, quem foram aqueles responsáveis por suas indicações e, em especial, quem foram os beneficiários desse esquema", afirmou.
Para o presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), as denúncias são "gravíssimas", uma vez que envolvem o partido da presidente da República.
Impeachment
Apesar das críticas ao PT, os oposicionistas foram cautelosos ao falarem sobre um eventual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Agripino disse que ainda não há "todas as condições" para que o pedido de afastamento da presidente seja apresentado ao Congresso.
Folhapress
Casos de corrupção envolvendo funcionários do segundo escalão da Petrobras, como Pedro Barusco, apresentavam "maior fluxo de dinheiro", de acordo com o Ministério Público Federal (MPF). Para a procuradoria, corromper um servidor de baixo escalão é "mais fácil" do que os de chefia e também seria igualmente útil para abrir portas dentro de órgãos públicos.
"Às vezes é melhor subornar o porteiro do que comprar o gerente do cinema para entrar e ver o filme", resumiu à Gazeta do Povo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que compõe a força-tarefa que investiga a Lava Jato.
Segundo o procurador, o ex-gerente recebia propina "há muito mais tempo" que os demais investigados, e "de muitas fontes diversas".
Seria por este motivo que Barusco terá de devolver aos cofres públicos um valor bem maior que os outros delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, apontados como pivôs do escândalo da Lava Jato.
Barusco se comprometeu a devolver US$ 67,5 milhões (cerca de R$ 185 milhões). É quase o triplo dos valores que serão retornados por Youssef (R$ 55 milhões) e Costa (R$ 63 milhões).
Como o suborno do "baixo clero" das estatais envolve uma quantidade de dinheiro que pode ser até maior do que os casos que envolvem diretores, o MPF começou a investigar, em separado, as suspeitas que caem sobre o segundo escalão. "Não é necessariamente todo o esquema que passa por diretoria. Existem vários esquemas que passam por níveis intermediários, e são corrupção do mesmo jeito", disse o procurador Deltan Dallagnol.
Até agora, as investigações se concentraram em diretores da estatal, como Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviços). Há indícios, porém, de que outros esquemas de corrupção, para além do desbaratado pela Lava Jato, ocorriam por debaixo do pano nos círculos de menos prestígio. No depoimento de delação, divulgado ontem, Barusco afirmou que começou a receber propina em "1997 ou 1998", durante o governo Fernando Henrique Cardoso, da empresa holandesa SBM, que mantinha contratos com a Petrobras. Ele diz que recebia entre US$ 25 mil e US$ 50 mil por mês.
Paulo Roberto Costa pede para ser perdoado
Apesar de ter sido beneficiado com redução de pena por ter firmado acordo de delação premiada com a Justiça, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa quer obter perdão judicial. O pedido foi feito nesta semana ao juiz federal do Paraná Sérgio Moro.
Em Curitiba, o advogado de Costa, João Mestieri, afirmou que sue cliente "merece" o benefício. "A delação dele foi bem embasada, foi verdadeira e teve a eficácia de desenvolver todo um procedimento investigatório. A lei federal prevê essa possibilidade e nós conscientemente achamos que ele é merecedor dessa benesse", disse o advogado.
Com o acordo de delação, o ex-diretor, caso seja condenado, ficará preso por no máximo dois anos em regime semiaberto. Costa responde a pelo menos sete processos na Justiça Federal por crimes como lavagem de dinheiro e corrupção.
Ele foi diretor de Abastecimento da Petrobras entre os anos de 2004 e 2012. Segundo as investigações, foi um dos pivôs do esquema de desvio de dinheiro de contratos da estatal com empreiteiras.
A parte destinada ao ex-dirigente, de cerca de 1% dos contratos, seria dividida também entre políticos do PP.
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